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A semana. O que foi destaque de 14 a 20 de maio
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A semana. O que foi destaque de 14 a 20 de maio

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Por que Temer tem de renunciar


Henrique Araújo

Editor-adjunto do Núcleo de Conjuntura

 

Embora Michel Temer tenha lá suas razões para ficar na Presidência, não resta dúvida de que suas condições para governar hoje são tão ruins ou piores do que as de Dilma poucos dias antes do impeachment. Senão, vejamos. Flagrado em indecoroso diálogo com um megaempresário, o peemedebista passou à condição de investigado. Responderá por três crimes: corrupção passiva, participação em organização criminosa e obstrução à justiça. Mas continua. A base do governo está prestes a ruir no Congresso. Sem o PSDB, que ameaça debandar caso as reformas não sejam aprovadas – e nada indica que serão –, o governo fica manco. Saltando com uma perna só, o mais provável é que tropece e caia por si mesmo. O problema é que, se demorar a cair, arrasta consigo o Brasil. Logo, a preço de hoje, não há outro caminho: é renúncia. Um desavisado pode perguntar, no entanto: em quais circunstâncias Temer consegue ficar? Bom, o desafio é grande: ele precisa defender-se dos crimes que lhe atribuem, reagrupar a base, restituir a confiança do mercado e escapar da cassação no TSE. Esqueci alguma coisa? Sim, não pode esquecer da comida aos “passarinhos”, sobretudo um que se chama Eduardo Cunha, cuja fome é sempre voraz. Do contrário, é tchau, querido do mesmo jeito.


Todas as fichas na Fazenda


Paula Lima

Editor-adjunta do Núcleo de Negócios


O mercado deu pane, literalmente, diante das acusações contra o presidente Michel Temer na delação da JBS. O planejamento econômico que vem sendo desenhado há um ano e começou a dar provas de uma retomada de crescimento do País, pareceu ruir, junto com a reputação do presidente, que teria tornado possível uma incipiente recuperação. Teria. O mérito é atribuído mesmo à equipe econômica. E a esperança continua lá. À frente do Ministério da Fazenda, Henrique Meirelles garante que continuará “trabalhando, monitorando os mercados” e que não pretende sair do governo. Para tanto, passou a sexta articulando votar propostas, como o Programa de Regularização Tributária (PRT) e discutindo o encaminhamento do relatório de avaliação de receitas e despesas, que aponta o tamanho do corte que será preciso fazer no orçamento para cumprir a meta fiscal, de déficit de R$ 139 bilhões.


Para quem não tira o olho do mercado, há um temor em torno da não aprovação das reformas trabalhistas e da Previdência. Até Meirelles não acredita que seja possível que a pauta das Reformas vá ao Congresso este semestre. Ainda assim, o ministro enxerga ser possível que a política econômica continue no caminho correto, a despeito da crise política. E já é apontado como um nome para substituir Temer. Para acalmar os ânimos do mercado, Meirelles pede “firmeza e serenidade”. Quem sabe, as coisas mais importantes que o País precisa agora.


O Aécio que as gravações revelaram


Guálter George

Editor-executivo do Núcleo de Conjuntura

 

O senador Aécio Neves quase tornou-se presidente da República nas eleições de 2014, perdendo para Dilma Rousseff, que depois sofreria impeachment, em disputa apertada e só resolvida no segundo turno. Era, até alguns dias atrás, líder político considerado de grande influência, uma voz que as grandes decisões do País tornavam imperativo que fosse ouvida. Pois bem, o mundo dele caiu.


Os diálogos que flagram conversas do parlamentar tucano com o empresário Joesley Batista, expostos ao País desde a última quarta-feira em nova etapa da operação Lava Jato, que o coloca em delicada posição central ao lado do presidente Michel Temer, apresentam um Aécio verdadeiro que chega a ser assustador. Tal é a diferença entre aquela pessoa que aparece naqueles diálogos com linguagem grosseira, termos agressivos, e o polido representante mineiro que se costumava ver em seu comportamento cotidiano na política. Um personagem, conforme agora se sabe. É difícil dizer que alguém “acabou” na política. No caso de Aécio, porém, o que está sendo revelado parece devastador e lhe imporá um sacrifício hercúleo para manter, ou recuperar, sua imagem anterior. Isso, claro, depois que for submetido à punição necessária diante dos crimes aparentes que cometeu como agente público a partir de uma relação de rara promiscuidade com seus financiadores de campanha.


O desafio de manter o fim da feira


Lucinthya Gomes

Editora-adjunta do Núcleo de Cotidiano

 

Mesmo o olhar mais otimista ainda esbarra na dúvida sobre a descontinuidade da feira na José Avelino. A última semana foi marcada pela tensão de início de obras de requalificação pela Prefeitura de Fortaleza, resistência dos feirantes e impasse judicial. De fato, a feira da madrugada da última quinta-feira não ocorreu. O que não se sabe é se o prefeito Roberto Cláudio (PDT) terá firmeza na decisão de encerrar a atividade ali ou nas proximidades, e se fará fiscalização persistente, contínua, sem relaxamento. A dúvida passeia por um tempo não muito distante. Em 2009, na gestão de Luizianne Lins (PT), quando ainda se chamava Feira da Sé, o enredo era semelhante, com decisão de encerrar a ocupação da praça Dom Pedro II, em frente à Catedral, previsão de remanejamento dos feirantes para o Feira Center, em Maracanaú, e protesto dos vendedores que queriam permanecer no Centro. À época, o impasse resultou em acordo e a feira foi deslocada para a José Avelino, que desencadeou os problemas de agora. A informalidade é alternativa de renda para muitos dos feirantes, mas essa não pode ser justificativa para uma cidade permissiva e sem controle. O número de vendedores ambulantes continuou a crescer e esta está longe de ser uma realidade exclusiva da José Avelino. O Município precisa atuar não apenas nesta rua e no seu entorno, mas também em vários pontos de Fortaleza onde o comércio informal expressa os danos de uma gestão ausente.

 

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