Denise Lorenzon considera que a investigação conduzida pela força-tarefa representa uma depuração dos costumes políticos do Brasil. Gerente de um hotel numa área nobre de Curitiba, ela conta que resolveu mudar o nome do restaurante do espaço após a famosa coletiva de imprensa na qual o procurador Deltan Dallagnol apresentou um Power Point com balões azuis contendo malfeitos que disparavam setas em direção ao nome de Lula, localizado no centro da lâmina.

Segundo Denise, depois disso, “algumas pessoas começaram a brincar com esse nome. E nós, curitibanos, temos espírito republicano, principalmente por sermos formados por europeus. Nós estamos tentando fazer com que esse país dê certo”. O restaurante, sem surpresa, passou a se chamar República de Curitiba.

Diferentemente dos apoiadores da Lava Jato, que parecem certos de que a investigação resultará em mudanças profundas na legislação, o próprio Dallagnol anda ressabiado. Na última sexta-feira, em coletiva de imprensa na sede do Ministério Público Federal em Curitiba, o jovem procurador olhou para o fundo do auditório e admitiu: “Quando me perguntam o que mudou no País (desde a criação da Lava Jato), a minha resposta é: nós não sabemos”.

Para Bibiana Antoniacomi, agente de turismo, entretanto, mudou bastante. A cidade agora está cheia. Neste domingo, por exemplo, a agência de turismo da qual é diretora fará um passeio com um turista japonês pelos pontos de visitação da Lava Jato. Três anos atrás, isso seria impensável.