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Temporal termina com seis mortos no Rio de Janeiro
Cotidiano

Temporal termina com seis mortos no Rio de Janeiro

| Ventos de até 116km/h | Chuva forte provocou deslizamentos. Bairros ficaram sem energia. Em alguns locais, lâmina de água foi superior a um metro
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RIO DE JANEIRO amanheceu com cenário de caos (Foto: MAURO PIMENTEL / AFP)
Foto: MAURO PIMENTEL / AFP RIO DE JANEIRO amanheceu com cenário de caos

Um temporal, com ventos de mais de 100 km/h, atingiu o Rio na noite de quarta-feira, 6, deixando seis mortos e um rastro de destruição pela cidade. Um dos quatro deslizamentos de encosta atingiu dois ônibus em São Conrado, zona sul. Em um dos veículos, coberto por terra, dois passageiros morreram. A chuva fez ainda ruir uma casa na região oeste, matando mãe e filho. Ainda na zona sul carioca, um homem não resistiu ao ser esmagado por um muro no Morro do Vidigal; e, na Rocinha, uma mulher morreu soterrada. Em vários bairros, enxurradas e avalanches de lama invadiram casas e estabelecimentos comerciais.

O deslizamento da Avenida Niemeyer, em São Conrado, também derrubou um trecho da Ciclovia Tim Maia. Foi o terceiro incidente a atingir a estrutura, inaugurada em janeiro de 2016. No dia 25, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) divulgou vídeo no qual, em um rolo compressor, fazia "teste de carga" na via. Garantiu então que a pista (de onde se tem vista do oceano) não cairia mais.

Ontem, mudou o discurso. "Essa ciclovia é cheia de problema. Primeiro vem a onda e leva tudo; agora, o problema vem de cima. Essa ciclovia não foi preparada suficientemente."

As áreas mais atingidas foram São Conrado, Rocinha e Vidigal, na zona sul, e Barra da Tijuca, Itanhangá e Freguesia, zona oeste. Também houve chuva intensa em outros bairros, como Centro, Tijuca, Grajaú e em diversos pontos das zonas norte, sul e oeste Foram registradas 224 ocorrências, sendo 26 alagamentos, informou a Prefeitura. Houve 186 quedas de árvores.

A velocidade máxima do vento foi registrada na Ilha da Marambaia, zona oeste: 116 km/h. Conforme a Escala Beaufort, ventos podem ser classificados como de furacão a partir de 119 km/h. Pela mesma escala, o que houve no Rio foi uma tempestade violenta.

O luxuoso Hotel Sheraton, em São Conrado, e o Shopping Leblon, no bairro do mesmo nome, foram invadidos por uma lâmina de mais de um metro de água. Em muitos bairros, a energia foi cortada, por causa da queda de galhos sobre a rede elétrica e explosões de transformadores. Só na região de Jacarepaguá, zona oeste, 350 transformadores estavam desligados na noite dessa quarta-feira. Onze bairros ainda não tinham luz até o fim da tarde de ontem. (Agência Estado)

Chuva foi equivalente à média do mês inteiro

Na Avenida Niemeyer, um ônibus teve parte do teto destruído pela avalanche de barro e destroços que desceu a encosta. Morreram Mario de Lucena e Tamires dos Santos. O motorista sobreviveu. O resgate dos corpos se estendeu até a tarde. A via continuava ficou interditada nos dois sentidos.

Em Barra de Guaratiba (zona oeste), uma casa desabou. Morreram Isabel da Paz, 56, e o filho Mauro da Paz, 33. Sobreviveram o marido de Isabel, Áureo, 64, e outro filho do casal. Ambos estão internados. "Não deu para socorrer. Foi tão rápido que só quem vive sabe o drama", disse à TV Globo Ari da Paz, irmão de Áureo.

No mesmo desabamento que matou um no Vidigal, mais seis moradores, incluindo uma grávida, tiveram fraturas ou escoriações. Morador do Morro do Vidigal, o fotógrafo Felipe Paiva, 33, foi resgatado dos escombros de casa por volta das 22 horas de quarta-feira e passou as horas seguintes em mutirão, ajudando vizinhos, recuperando objetos e limpando ruas e casas da favela. "Coisa de filme, que a gente nunca pensa que vai acontecer", disse. Ele foi lançado para o quarto por uma enxurrada que invadiu os cômodos. Percebeu então que estava soterrado e começou a gritar por ajuda. Foi resgatado por um vizinho logo em seguida.

O Centro de Operações informou que a cidade entrou em estágio de crise às 22h15min de quarta-feira (horário local) diante das fortes chuvas, com intensas rajadas de vento. Esse é o terceiro nível em uma escala de três e significa chuva forte a muito forte nas próximas horas, podendo causar alagamentos e deslizamentos. Segundo o órgão, entre 18 horas e meia-noite, choveu mais do que a média de chuva do mês nas estações Vidigal, Rocinha e Jardim Botânico. Em Copacabana e na Barra/Riocentro choveu nesse período o equivalente à média histórica de fevereiro. (Agência Estado)

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