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Permanência da Força Nacional aguarda resposta do ministério
Cotidiano

Permanência da Força Nacional aguarda resposta do ministério

| Segurança | Período inicial de 30 dias da Força Nacional no Ceará expira na terça-feira. Neste sábado, início dos ataques completa um mês
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Na série de atentados ocorridos no Estado nos primeiros dois meses de 2019, a Força Nacional teve 406 homens deslocados para o Ceará (Foto: ALEX GOMES/ESPECIAL PARA O POVO)
Foto: ALEX GOMES/ESPECIAL PARA O POVO Na série de atentados ocorridos no Estado nos primeiros dois meses de 2019, a Força Nacional teve 406 homens deslocados para o Ceará

O Ceará completa hoje um mês do começo da onda de ataques do crime organizado, sem registrar atentados desde a última terça-feira, 29. Iniciada na noite de 2 de janeiro, a série de atentados provocou pelo menos 236 ações criminosas em 48 municípios conforme levantamento do O POVO. São mais ações que as 211 registradas ao longo de 14 ciclos anteriores de atentados do crime organizado ocorridos no Estado desde 2014, também conforme levantamento do O POVO.

Em entrevista à Rádio O POVO CBN na manhã de ontem, o titular da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), André Costa, afirmou que, apesar do arrefecimento dos ataques, o Estado "não vai recuar". "A decisão é de apertar mesmo, de endurecer e de aplicar a lei com todo o rigor, tanto dentro dos presídios quanto nas ruas", afirmou. Na entrevista, o secretário confirmou o pedido de permanência dos 406 agentes da Força Nacional presentes no Estado desde 5 de janeiro. O prazo inicial para a permanência da tropa é de 30 dias. O POVO entrou em contato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) para saber sobre resposta ao pedido, mas não obteve retorno até o fechamento desta página.

 Durante a cerimônia de posse do novo presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJCE), na quinta-feira, 31, o governador Camilo Santana (PT) afirmou que a permanência da Força Nacional é "fundamental". "Vamos manter todo o nosso trabalho de alerta, 24 horas, com homens nas ruas, com inteligência e operações".

A maioria dos ataques ocorreram logo no começo do mês de ofensivas. Somente nos cinco primeiros dias, o MJSP contabilizou mais da metade dos ataques: 143. O segundo dia de atentados, 3 de janeiro, foi o mais violento: 45 ações foram registradas pelo ministério, que não mais atualizou o número de atentados. A SSPDS também não divulga contabilização dos ataques. A pasta, porém, informou que 466 suspeitos já haviam sido capturadas até a tarde de ontem. Até a última quinta-feira, 190 presos haviam sido submetidos às audiências de custódia — 159 tiveram prisão preventiva decretada.

A motivação dos atentados teria vindo com mudanças impostas nos presídios com a chegada do secretário Mauro Albuquerque. Uma das medidas mais importantes anunciadas por ele não foi implantada, porém, afirma a advogada Ruth Leite Vieira, presidente do Conselho Penitenciário do Estado (Copen). Segundo ela, os presos seguem sendo divididos nas penitenciárias conforme as facções a que dizem pertencer.

Ruth Leite afirma ter constatado relatos de familiares de presos e de egressos que apontam que as facções fizeram "cessar-fogo" na guerra que mantêm entre si para focar esforços contra o Estado. Em grupo no aplicativo WhatsApp, membros do Comando Vermelho (CV) determinavam uma cota para a compra de explosivos. As mensagens foram encontradas em um celular apreendido com Francisco Roberto Gomes Oliveira Sena Júnior, no dia 12, no bairro Bonsucesso. Entre os presos, 135 foram autuados na Lei das Organizações Criminosas (LOC).

A presidente do Copen diz não ter tido acesso a todas as unidades ainda. Nas que teve oportunidade de entrar, porém, ela percebeu maior limpeza e organização. No entanto, problemas como superlotação e ócio dos presos persistem. Ponderando que ainda é cedo para avaliar a nova gestão, Ruth Leite afirma esperar que o governo, realmente, melhore as condições "materiais e humanas" para a reestruturação do sistema prisional. "Que garanta a disciplina, mas, principalmente, trabalho, educação e demais assistências, como religiosa, jurídica e de saúde".

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