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Defesa de delegados alega "inconsistência" e "equívocos"
Cotidiano

Defesa de delegados alega "inconsistência" e "equívocos"

Advogado de defesa dos três delegados suspeitos de envolvimento no esquema diz que investigação da PF é inconsistente e com "equívocos de interpretação". E afirma que delegados estão "indignados e impactados"
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O advogado Leandro Vasques, que representa a defesa dos três delegados considerados suspeitos de envolvimento no esquema, argumenta que a investigação criminal da Polícia Federal é inconsistente e possui vários “equívocos de interpretação”. Ele recorre ao fato de que o grupo não foi citado pelo delator dos crimes e alega que as menções feitas aos delegados, quando do pedido de condução coercitiva, têm como base diálogos que se deram em outro contexto.

 

Segundo ele, Patrícia Bezerra, Lucas Aragão e Ana Cláudia Nery estão “indignados e impactados” com essa abordagem. “O próprio delegado Gilmar Santos, que preside o inquérito, em entrevista, afirmou que a operação se deu no viso de se buscarem elementos indiciários e que ainda não reuniu dados que possam sequer individualizar condutas”, disse.


“Se na ponta da investigação há algum ilícito sendo praticado, os delegados não têm a extensão dessa atuação. Então, acredito que está havendo um grave erro de interpretação. Não se pode arremessar o nome de pessoas sérias na lama de uma forma açodada e precipitada como essa”, defendeu.


No documento ao qual O POVO teve acesso, ao determinar as conduções coercitivas, o juiz Danilo Dias Vasconcelos de Almeida reconhece ser “bem verdade que não há, ainda, elementos precisos sobre os contornos dos ilícitos investigados, nem a respeito da delimitação da participação de cada um dos envolvidos. Também não está suficientemente claro se todos eles se beneficiaram de algum esquema ilícito no âmbito da Denarc — ou se alguns apenas se valeriam de instrumentos ilícitos de investigação policial, com desrespeito às garantias individuais previstas constitucionalmente”.


Entretanto, o juiz afirma que autorizou as medidas, pois as “investigações necessitam da produção de outros elementos de prova — e reconheço a dificuldade de se investigarem pessoas integrantes de corporação policial”.

 

Policiais civis


O assessor jurídico do Sinpol, Marcos Costa, acompanha o caso e relata que aconteceram situações específicas em que os policiais civis conseguiram provar que não tinham envolvimento com ilegalidades. Em um dos casos um policial foi preso por portar uma arma de uso permitido, mas não possuía porte. Ele pagou fiança e foi liberado.


“A Delegacia de Narcóticos foi investigada e todos foram ouvidos. Ainda não vimos a oitiva e não temos acesso ao inquérito. Diante das cópias é que podemos ver o que está acontecendo”, relata.


Em outra situação a defesa diz que um policial que foi encontrado com droga provou que poderia manter o entorpecente em casa pois treinava cães farejadores. Mesmo assim, ele acabou preso com dinheiro falso.


Um terceiro policial foi preso, também com dinheiro falso, que ele também relatou se tratar de material de apreensão em um terreno baldio, de uma operação recente. No entanto, ele alegou que tinha uma audiência e não teve tempo de deixar o material na delegacia. (Thiago Paiva, Cláudio Ribeiro e Jéssika Sisnando)

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