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Mulheres de Fortaleza se reuniram ontem em caminhada na Praia de Iracema. O ato marcou o encerramento da campanha pelo fim da violência contra a mulher. Além de palestras, audiências públicas, rodas de conversa e capacitações de agentes públicos, a campanha se encerrou com comemoração por nova portaria que estabelece que as dez Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) do Ceará atendam mulheres vítimas de violência sexual, independentemente do agressor e do local do crime.
A atualização teve início no último dia 5 após assinatura da portaria, feita pelo delegado-geral da Polícia Civil, Everardo Lima. Antes da ampliação do atendimento, eram recebidas nas DDMs somente denúncias de crimes no ambiente doméstico-familiar. Agora, qualquer crime de violência sexual deverá ser recebido e investigado pelas delegacias especializadas — exceto em caso de tráfico de pessoas. Em média, por dia, só a DDM de Fortaleza recebe 50 denúncias.
“É muito importante que essa vítima tenha um atendimento especializado, de se preparar para realizar uma profilaxia em casos de gravidez e doenças sexualmente transmissíveis. Essa mulher poderá entrar na rede de enfrentamento. Tudo isso com objetivo de melhorar esse atendimento”, explica Rena Gomes, diretora do Departamento de Polícia Especializada (DPE) e responsável pelas DDMs no Estado.
Campanha
Na tarde de ontem, o Aterro da Praia de Iracema recebeu a caminhada que encerrou os 16 dias de ativismo de combate à violência contra a mulher. “Este é um momento muito importante para nós mulheres. A gente já passa os 365 dias denunciando o processo de violência contra nós mulheres”, lembra Camila Silveira, coordenadora especial de Políticas Públicas para as Mulheres do Governo do Estado. “A gente definiu, dentro desses dias, ter uma perspectiva de chamar os governos e a sociedade para mudar essa realidade”.
Para ela, a ampliação do atendimento nas delegacias especializadas é um importante avanço no combate à violência contra a mulher. Ainda de acordo com a coordenadora, a campanha, que se iniciou no dia 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, contou ainda com ações de conscientização sobre o assédio envolvendo Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunal de Justiça, Sindiônibus e Prefeitura de Fortaleza, entre outras organizações.
Daiane Gomes, 27, participou da caminhada. Ela acredita que o ato é uma forma de mobilizar a sociedade para o problema. “Para mim, que sou mulher negra, tem um outro significado. Os casos de violência contra mulheres negras têm aumentado. Então, se soma a esse machismo o racismo”, ressalta.
Números
50 denúncias, em média, são realizadas por dia na DDM de Fortaleza
Serviço
Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza
Endereço: rua Manuelito Moreira, 12, CentroTelefone: (85) 3101 2495
Denúncias anônimas também podem ser feitas pelo 180.