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Violência doméstica se perpetua entre gerações
Cotidiano

Violência doméstica se perpetua entre gerações

O estudo sugere que crianças expostas à violência doméstica têm maior probabilidade de sofrer agressões em relações afetivas na vida adulta
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Crianças ou adolescentes que presenciam episódios de violência doméstica estão mais propensas a viverem situações semelhantes na vida adulta. É o que aponta a Pesquisa de Condições Socioeconômicas e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (PCSVDF Mulher). Esse é o terceiro relatório sobre o tema realizado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com o Instituto Maria da Penha.

 

O estudo indica que, nas nove capitais do Nordeste, a cada dez mulheres que cresceram em um ambiente doméstico violento, quatro sofreram o mesmo tipo de situação na vida adulta.


A lógica da violência doméstica se torna ainda mais visível com outro dado levantado pela pesquisa: cerca de 40% das mais de 10 mil entrevistadas afirmam ter tido contato com algum tipo de agressão em casa, na infância ou na adolescência.


Coordenador-geral da pesquisa e integrante do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFC, José Raimundo Carvalho ressalta que esse é o primeiro estudo que comprova haver ligação entre gerações, com perpetuação da violência. Ele reforça que diminuir a violência doméstica, atualmente, representa melhorar a vida de mulheres no futuro.


A pesquisa sugere que a incidência de violência doméstica é maior em lares nos quais a mulher, o parceiro ou ambos presenciaram ou souberam de agressões quando crianças. Fala-se também nos parceiros porque a pesquisa aponta a tendência de homens reproduzirem comportamentos violentos com que tiveram contato na infância.

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Quatro em cada dez mulheres ouvidas revelam que seus parceiros já relataram episódios dessa natureza, contra as respectivas mães, o que faz deles mais propensos a se tornarem “vítimas e perpetradores, como também a transmitirem tal comportamento social para seus próprios filhos”, conclui o levantamento.

 

Violência na gestação


Outra abordagem feita pela pesquisa trata da violência doméstica durante a gestação. Das mulheres entrevistadas que já engravidaram, 6,2% relatam ter sofrido agressões do parceiro ou ex-parceiro.


Fortaleza aparece no estudo como 4ª capital do Nordeste com maior incidência desse tipo de violência (6,29%). Natal lidera negativamente com 11,97%. A incidência de violência contra gestantes é dez vezes maior em mulheres com menor grau de instrução. E 77,4% dessas mulheres são negras ou pardas.

 

Saiba mais


Este é o 3º relatório da pesquisa. Ele será divulgado oficialmente amanhã em Brasília, durante evento promovido pela ONU Mulheres.


Dez mil mulheres entre 15 e 50 anos foram ouvidas nas nove capitais do Nordeste.

 

Publicado em dezembro do ano passado, o 2º relatório da PCSVDF apontava Fortaleza como 3ª Capital do Nordeste em violência física contra a mulher.

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