Servidores públicos do Ceará enfrentam dificuldade no acesso ao plano de saúde ofertado pelo Estado. A partir de relatos de usuários e de atendentes de clínicas de diagnóstico por imagem, O POVO apurou que há semanas não são liberadas cotas para consultas e exames pelo Instituto de Saúde dos Servidores (Issec). Em resposta à desassistência, o Issec diz não ser plano de saúde e, sim, benefício concedido de acordo com disponibilidade orçamentária.

A professora aposentada Maria Socorro Teixeira de Sousa, 68, há três meses não consegue marcar consulta com o oncologista que operou a retirada do seu seio para tratar um câncer de mama. Mesmo assim, ela segue tentando, por precisar do encaminhamento médico para solicitar uma cintilografia óssea e investigar se a doença se espalhou. “Tenho uma mancha na (região da) costela que não conseguimos saber o que é”, confidenciou. Documento em mãos, “é esperar mais três meses pra fazer o exame”.

Também professora e servidora pública, Isabel Isa Vicente Alves, 57, comentou que, além da dificuldade na marcação de consultas, se depara com a inviabilidade da realização de exames devido à insuficiência de cotas — “fichas” que seriam disponibilizadas diariamente para atendimento. “Tem que chegar cedo (à clínica conveniada) pra ver se (o Issec) autoriza”.

Chegar cedo, contudo, não fez diferença para Isabel. Resignada, confessou que vai desembolsar quase R$ 600 para fazer exames necessários de prevenção ao câncer de mama — doença que já a acometeu uma vez. “Tá muito difícil. Não tomam nenhuma posição, não falam nada”, reclamou.

Na manhã do último dia 24, O POVO foi a uma clínica de diagnóstico por imagem e telefonou para outra. Na primeira, uma atendente informou que há duas semanas as cotas do Issec não estão sendo liberadas. Na segunda, outra atendente disse que, no momento, nada está sendo marcado, e aconselhou voltar a ligar no início de novembro.

Em nota enviada pela assessoria de comunicação da Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag), o Issec esclareceu que “não é plano de saúde, e, sim, benefício concedido pelo Governo do Ceará para assistência à saúde do servidor, sem nenhuma contribuição dos beneficiários; totalmente, mantido pelo Tesouro Estadual”.

O órgão comunicou, também, que não opera em regime de cotas e que, devido à disponibilidade orçamentária atual, a prioridade é para exames de urgência e emergência. “Estamos empreendendo todos os esforços para proporcionar a normalização do atendimento”, afirmou, no texto.