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Procurar quem teve os estudos entrecortados por outra prioridade, fazer do ato de se sentar em frente à lousa mais atrativo e combater, assim, a evasão e o abandono em Fortaleza. São essas as principais metas do Educação de Jovens e Adultos Presente (EJA Presente). O projeto, lançado em maio, conseguiu ampliar as vagas — aumentando de 84 para 88 os polos em unidades municipais de ensino —, e fez com que, por busca ativa, cerca de 2,7 mil alunos retornassem à escola.

[SAIBAMAIS] 

“Após as ações de busca, ligando, procurando no endereço, contactando parentes, com compilação em bancos de dados, chegamos a ter 14.675 alunos. Vieram as férias e, em agosto, percebemos uma redução: 14.501 alunos voltaram. Isso nos mostra a importância de não só trazer esse aluno pra escola, mas de mantê-lo”, aponta Wesley Rocha gerente da Célula de Desenvolvimento Curricular da Secretaria Municipal da Educação (SME). O número, em outubro, sofreu nova redução, e é, agora, 14.400.

Trabalhar, ajudar financeiramente a família e, consequentemente, trocar a prioridade de aprender pela busca de um salário é um dos principais motivos de abandono escolar, aponta Wesley.

E isso fica ainda mais palpável quando o segundo semestre se inicia e aumenta a oferta de empregos temporários no comércio. “O trabalho não pode ser um problema. O que tem que ser feito é deixar a escola mais atrativa para que o aluno perceba que ali é o caminho para que ele consiga uma colocação no mercado de trabalho”, pontua.

O interesse na busca por uma colocação profissional sem a conclusão do ensino fundamental é onde aporta a estratégia do EJA Presente. Agora, estuda-se uma reformulação pedagógica do projeto. “O que estamos pensando é uma reformulação curricular que tenha cursos relacionados ao mercado de trabalho. Com isso, estamos provocando o Conselho Municipal de Educação para essa reformulação”, detalha Wesley.

A resposta do conselho deve ser dada em novembro, dando sequência aos estudos de remodelagem do ensino.

Expectativa

Matriculada na EJA 5 (que reúne os dois últimos anos do ensino fundamental), na Escola Municipal Martinz de Aguiar, no Monte Castelo, Escola Municipal Martinz de Aguiar, Ângela de Lima Alves, 17, faz parte do principal público da EJA: adolescentes e jovens que, apesar de ainda estarem em idade escolar, ou terem passado poucos anos, não têm o nível adequado de aprendizagem para a faixa etária.

Ângela trabalha durante o dia como babá para ajudar a mãe, a doméstica Isabel Lima, 43, nas despesas de casa, que neste ano, pioraram com o corte do Bolsa Família. “Isso, quando eu comecei, me deixava exausta, mas não vou desistir. Minha mãe não sabe ler, a infância dela foi toda trabalhando, então não teve oportunidade. Ela é muito humilhada em casa de família. Preciso estudar”, reconhece.

Quatro anos atrasada após sucessivas reprovações, a jovem decidiu que queria concluir o ensino fundamental em apenas um ano. “Mas meu sonho é fazer Direito, ser delegada”, projeta. Em quase dois anos na EJA, viu muita gente abandonar as aulas aos poucos, porque, diz, a labuta de encarar três expedientes é extenuante.

 

Serviço

 

Matriculas na EJA

Não é preciso esperar determinado período do ano

Documentos: RG, CPF, comprovante de endereço, duas fotos e pasta escolar

Outras informações: 3459 5937