Em um dos casos de expulsão, uma família com 13 pessoas recebeu um ultimato, ainda no cemitério, quando velava o comerciante Francisco Ricardo Almeida de Carvalho.
Ricardo Almeida, segundo imagens de câmeras e investigações das equipes do major Hideraldo Bellini (8º Batalhão) e da delegada Milena Moraes (4º Distrito Policial), tinha sido assassinado por três bandidos a mando de Rogério Bocão. Foi numa Quarta-Feira de Cinzas daquele ano, na da esquina das ruas Professor Carvalho com Eduardo Bezerra.
Rogério Bocão foi preso e condenado como autor intelectual da execução de Ricardo Almeida. Mesmo assim, a família da vítima teve de abandonar a residência de dois andares — onde também funcionava uma mercearia e um ponto de venda de água mineral e gás butano.
Ao O POVO, um dos parentes de Ricardo Almeida contou que a quadrilha de Bocão, hoje incorporada por uma facção criminosa, havia ficado com mais oito casas da família, que se mudou da Cidade de Deus.
Um policial da área, que pediu para não ser identificado, afirma que hoje a comunidade está “70% desabitada”. Bocão teria se arvorado dono de pelo menos metade das 120 casas dali.
De acordo com o militar, depois da “guerra travada entre Bocão e o traficante João Presinha, membro do Comando Vermelho e ‘dono’ do Lagamar, a GDE foi expulsa da Cidade de Deus”. E quem não tinha nada a ver com a briga entre as facções foi embora por causa do risco de morrer.