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Ameaças e agressões são parte do cotidiano de professores
Cotidiano

Ameaças e agressões são parte do cotidiano de professores

Vítimas de ameça por parte de alunos, 1.090 diretores e professores do Ceará relataram intimidações no ambiente escolar, conforme dados de 2015 reunidos no Anuário Brasileiro da Segurança Pública 2017
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Hostilidade, desrespeito e ameaças feitas por alunos foram realidade relatada por 1.090 professores e diretores de escolas no Ceará em 2015. Em uma crescente de violência escolar, 255 docentes e gestores viram as agressões verbais e as intimidações evoluírem para atentados à vida. Os dados foram divulgados, ontem, no Anuário Brasileiro da Segurança Pública 2017, com base em informações da Prova Brasil 2015.

[SAIBAMAIS]

Os números absolutos são o oitavo e o décimo maiores do Brasil, de ameaças e atentados à vida, respectivamente, em rankings liderados por São Paulo. A pesquisa revela também que 819 professores e diretores do Ceará tiveram pertences roubados ou furtados em ambiente escolar.


Em relação à percepção da violência nas escolas, 43,2% (5.838) dos docente dizem ter percebido agressões verbais ou físicas por alunos a professores ou outros funcionários; e 63,9% (8.632) presenciaram conflitos entre alunos. Eles relatam ainda terem notado estudantes sob efeito de álcool (4,7%), drogas ilícitas (11,9%), portando armas brancas (5%) ou de fogo (1,4%).


Os números cearenses estão em consonância ou abaixo das médias nacionais, conforme analisa Isabel Figueiredo, advogada e membro do Fórum Nacional de Segurança Pública. “A situação do Ceará não é particularmente alarmante em relação aos números do País, não destoa. Mas, ainda assim, é preciso lançar um olhar unitário, que reúna intervenções focadas na violência escolar com atores estaduais e municipais, agindo na prevenção e na mediação”, aponta.


Indo ao encontro da indicação feita pelo fórum, o Ceará criou a Célula de Mediação Social e Cultura de Paz, da Secretaria Estadual da Educação (Seduc). A orientadora da célula, Betânia Gomes, conta que, em 2015, em parceria com o Ministério Público do Ceará (MPCE), teve início a implantação de um projeto-piloto de mediação de conflitos em escolas dos bairros Vicente Pinzon e Bom Jardim.


“Os meninos têm muita dificuldade, por conta das fações, de chegar à escola. Isso faz com que a escola se torne um ambiente cercado de muito problema de violência. E esses conflitos respingam dentro da escola. A gente não nega o conflito, ele existe, o que se busca é trabalhar isso numa perspectiva positiva”, conta.


Trabalhar competências socioemocionais, a resiliência em situações de estresse e a transformação de adolescentes indisciplinados em lideranças positivas tem, conforme a orientadora, resultado em um “apaziguamento de 90% dos conflitos” nas escolas do projeto-piloto.


Em pronunciamento no lançamento oficial do hub da Air France-KLM e Gol em Fortaleza, ontem, o governador Camilo Santana (PT) pontuou que é preciso trabalhar na perspectiva de prevenção. “(E isso) é garantir oportunidade para a juventude que muitas vezes fica sem perspectivas e é aliciada pelo tráfico”.


Entorno


O entorno das escolas é determinante no que acontece intramuros, como mostram os casos recentes em que instituições de ensino foram alvos de assaltos e invasões. Um adolescente foi morto a tiros em agosto a poucos metros da escola onde estudava, no bairro Álvaro Weyne. Balanço recente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Fortaleza (Sindiute) indica que 20 escolas municipais da Capital tiveram registros de violência neste semestre.

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