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Cada dia do primeiro semestre deste ano teve pelo menos um adolescente ou jovem assassinado em Fortaleza. Na comparação com o mesmo período do ano passado, as mortes de pessoas com idade entre 10 e 19 anos aumentaram 69,5%, segundo dados colhidos pelo Comitê Cearense pela Prevenção de Homicídios na Adolescência, da Assembleia Legislativa. O grupo agora busca, junto a gestores municipais cearenses, firmar políticas para a redução dos homicídios nesta faixa etária.
O temor dos integrantes do comitê é de que a tendência de aumento dos crimes se mantenha e, no fim do ano, o número de mortes seja recorde na Capital. Conforme os dados fornecidos pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e divulgados na última terça-feira, 5, foram 217 jovens assassinados entre janeiro e junho últimos. No primeiro semestre de 2016, o balanço aponta 128 vítimas na Capital.
Para Thiago de Holanda, coordenador técnico do comitê, o ano passado foi “atípico”. “Teve a questão das ações governamentais em defesa da vida, mas também os pactos no crime organizado. Em 2017, teve o estouro dos conflitos entre esses grupos, que pode ter impactado no aumento”, analisa. Ele relembra os anos de 2013 e 2014, em que houve explosão da criminalidade e mais de 300 jovens foram mortos no primeiro semestre. “Se continuar assim, talvez (2017) ultrapasse esse pico. Se nada for feito a curto prazo, pode ter efeito drástico”, alerta.
O secretário da Segurança Pública e Defesa Social, André Costa, ressaltou que o Governo do Estado tem reforçado ações para tentar frear o crescimento dos índices. “Mas não é um trabalho de curto prazo. Hoje, estamos sofrendo por algo que não foi feito há anos. Esperamos, com essas ações, que daqui a alguns anos não vejamos o que estamos vendo hoje”, diz.
Recomendações
Em dezembro do ano passado, o comitê apresentou relatório com série de recomendações para prevenção de homicídios no Ceará. Entre elas, apoio psicossocial a famílias de vítimas, reforço na educação, mapeamento de áreas de conflito, reforma do sistema socioeducativo e formação policial para abordagem de jovens. De 12 propostas, pelo menos nove são indicadas a gestores municipais.
De acordo com o deputado Renato Roseno (Psol), relator da iniciativa, o grupo está se articulando com prefeituras cearenses, incluindo a da Capital, para desenvolver projetos intersetoriais, unindo educação, saúde, proteção social, juventude e cultura para jovens mais vulneráveis. “Queremos garantir, sobretudo a jovens negros de periferias urbanas, acesso a programas sociais. Entendemos que isso vai reduzir os homicídios”, afirma.
[QUOTE1]O deputado ainda aponta que a intenção é desenvolver nos municípios o papel de prevenção no lugar da repressão. “É o primeiro ano das gestões municipais, por isso estamos fazendo incidências para que os planos plurianuais (PPAs) tenham metas de redução de homicídio de adolescentes e jovens”, comenta. O PPA orienta a gestão durante o mandato, definindo eixos de investimento dos programas e políticas públicas.
“Além disso, a sociedade civil também precisa estar mobilizada de que a vida dos jovens importa muito”, ressalta o deputado.
Números
217 adolescentes foram assassinados no primeiro semestre deste ano em Fortaleza