Previsão de chegada das águas do São Francisco no Ceará foi antecipada para janeiro. Anteriormente, o prazo seria o fim de maio do próximo ano. Para isso, o Governo Federal pretende intensificar ritmo de trabalho na construção do Eixo Norte da obra de transposição. Porém, gestores estudam a forma como a mudança no cronograma ocorrerá na prática. O Conselho Gestor do projeto se reuniu ontem pela primeira vez fora de Brasília. No encontro, em Fortaleza, foi discutida a possibilidade de dobrar efetivo de operários ou adicionar terceiro turno de atividades na implantação do trecho pendente.
Em entrevista concedida ao programa O POVO no Rádio na segunda-feira, 11, o ministro da Integração Nacional (MI), Helder Barbalho, havia adiantado que as obras ocorreriam 24 horas por dia a partir do próximo mês. Antônio Luitgards Moura, presidente do Comitê Gestor do Projeto São Francisco, reafirmou ontem que a União está negociando com o consórcio construtor a inserção de mais um turno de trabalho. “Estamos trabalhando em dois turnos e iria começar um terceiro, mas isso tem custos a mais”, afirmou.
De acordo com Moura, o MI espera antecipar a chegada das águas ao Ceará. A previsão da Secretaria Estadual dos Recursos Hídricos (SRH) é de que em até um mês, após cruzar a fronteira do Estado, os recursos do São Francisco cheguem ao Castanhão. “A conclusão (das obras) seria para o fim de maio, já que o contrato com a empresa é de um ano, mas estamos tentando que (as águas) cheguem no fim de janeiro. Isso não implica na obra estar concluída. Ela vai continuar até fechar as questões de segurança”, afirmou o presidente do Comitê.
A alternativa de dobrar o efetivo e manter o trabalho em dois turnos foi também apontada ontem pelo titular da SRH, Francisco Teixeira. “A intenção demonstrada pelo ministro é de dobrar o efetivo da obra. Hoje, tem cerca de mil pessoas lá. A ideia é chegar, ainda em setembro, a duas mil pessoas trabalhando em dois turnos”, disse o secretário.
Proposta de PPP
Há indefinições ainda sobre como será feito o gerenciamento federal da transposição. Até o ano passado, o MI pretendia que a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco (Codevasf) assumisse a operação. Conforme o presidente do Comitê Gestor, outras possibilidades estão sendo analisadas. Uma delas propõe a criação de Parceria Público-Privada (PPP). “O orçamento da Codevasf pode ser contingenciado. Se for uma PPP, não tem isso. O dinheiro seria transferido diretamente para a empresa privada”, explicou.
Em 2005, documento assinado pela União e pelos governos dos estados do Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Paraíba, beneficiados com a transposição, firmou que a construção do projeto seria assumida pelo Governo Federal. Aos estados caberia o custo operacional de retirada das águas.
Segundo o titular da SRH, independentemente de quem irá fazer o gerenciamento federal, o que os estados querem é a chegada da água. “O que importa é que o serviço seja prestado com qualidade e que os estados paguem um preço justo e adequado”, disse Teixeira.