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Conhecer o próprio corpo é fundamental para criança se proteger
Cotidiano

Conhecer o próprio corpo é fundamental para criança se proteger

Somente em cerca de 10% dos casos de violência sexual contra as crianças o agressor é um desconhecido. Como orientar os pequenos?
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Não conversar com estranhos e não aceitar presentes deles. Orientar as crianças sobre o perigo que vem de desconhecidos é regra entre os pais, na tentativa de proteger os filhos da violência sexual. Mas a proteção tem que ir além. É preciso falar com os pequenos sobre quando a ameaça vem de alguém que está perto e que seria de confiança.


Estima-se que somente cerca de 10% dos casos de violência sexual contra a criança sejam cometidos por pessoas desconhecidas. O algoz, em cerca de 40% dos crimes, é alguém do ciclo familiar mais próximo, como pai, padrasto, tio, irmão e avô. As informações são de levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feito com base nos dados de 2011 do Sistema de Informações de Agravo de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan).


Para especialistas, a forma mais eficaz de prevenção da violência sexual é estimular na criança o conhecimento e a autonomia sobre o próprio corpo. Evitar criar tabus sobre o tema e conversar sobre os sentimentos e as trocas afetivas permitem que a criança saiba diferenciar o carinho do abuso.


De acordo com a pesquisa citada, cerca de 70% dos casos de violência sexual são contra crianças e adolescentes. “Na maioria das vezes, a criança não percebe que a aproximação do autor da violência é um abuso, já que o adulto o faz por meio da sedução, do convencimento, das trocas, das ameaças e dos toques abusivos disfarçados de afeto. Então, a criança permite a violência sexual, seja por medo, confusão, imaturidade e até por confiar e/ou amar o agressor (quando este é da família)”.


De acordo com a especialista em proteção à criança do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Fabiana Gorenstein, a melhor forma de proteção é que a criança conheça o próprio corpo.


“Mais do que divulgar sinais e indicadores de abuso, a questão mais importante é que a gente tem que superar o desconforto do diálogo e aprender a conversar sobre os temas difíceis. A nossa melhor chance é investir em um diálogo frequente com as crianças sobre o próprio corpo, os níveis de contato, de intimidade, autonomia e confiança. Para que elas rejeitem investidas sob a alegação de que é normal”, explica Fabiana.


“Precisamos superar o mito de que a educação sexual pode erotizar ou incentivar a iniciação sexual precoce de crianças e adolescentes. Uma educação sexual bem orientada, respeitando o desenvolvimento psicossexual típico de cada faixa etária, é uma das formas mais eficazes para diminuir a vulnerabilidade da criança perante a violência sexual”, defende a pedagoga e especialista em educação sexual, Carolina Arcari.

 

O que é abuso


Forçar ou encorajar a criança a tocar um adulto de modo a satisfazer o desejo sexual


Forçar ou encorajar a criança a se envolver em atividades sexuais ou ato sexual com outras crianças ou adultos

 

Tocar a boca, genitais ou outras partes íntimas de uma criança com objetivo de satisfação dos desejos


Espiar ou olhar a criança se despindo, em momentos íntimos, tomando banho, usando o banheiro, com objetivo de satisfação sexual

 

Mostrar material pornográfico

 

Assediar a criança, fazer comentários erotizados sobre o corpo dela, fazer propostas sexuais, enviar mensagens obscenas

 

Serviço

 

Como denunciar violência sexual contra crianças

Disque 100

Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente, Ministério Público e Conselho Tutelar

 

 

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