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Vítimas de abuso relatam intimidação após prisão de líder religioso
Cotidiano

Vítimas de abuso relatam intimidação após prisão de líder religioso

Nove vítimas estiveram presentes na tarde de ontem no Fórum Clóvis Beviláqua para prestar depoimento contra líder religioso acusado de abuso sexual. Mulheres denunciam intimidação por parte de familiares
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Mesmo após a prisão de Paulo Monteiro Amorim, líder religioso acusado de abusar sexualmente de pelo menos dez meninas e mulheres, entre 12 e 30 anos, uma das vítimas afirma que familiares dele continuaram enviando mensagens de intimidação. Ele foi preso em março deste ano acusado de se utilizar das atividades religiosas para cometer abusos sexuais contra adolescentes seguidoras. Testemunhas dizem que ele e a esposa, Lívia Amorim, dopavam as mulheres para que Paulo pudesse estuprá-las.


Ontem, nove vítimas estiveram em audiência na 7ª Vara Criminal, no Fórum Clóvis Beviláqua, para depor sobre as acusações. Todas elas seriam integrantes do grupo liderado pelo casal, a Comunidade Católica Família em Missão. Além das nove vítimas, outras três testemunhas de acusação estiveram presentes. Oito pessoas compareceram para depor como testemunhas de defesa. Paulo, que cumpre prisão preventiva, esteve no fórum para que as vítimas pudessem identificá-lo.


Uma das moças concedeu entrevista ao O POVO e afirmou que os pais de Lívia Amorim mandaram mensagens para os celulares de mais de uma delas intimidando-as com mensagens religiosas de castigo e afirmando que “fariam tudo o que fosse preciso” para que o caso não prosseguisse. A vítima diz ainda que as mensagens só pararam quando elas registraram boletim de ocorrência.


O caso

No dia 8 de março, Paulo foi preso. “Um dia ele me deu remédio, dizendo que outra menina tinha ficado doente e, como eu tinha passado o dia com ela, poderia ficar doente também. E eu apaguei. Uma hora eu acordei assustada e ele estava tocando as minhas partes íntimas, mas eu não conseguia ter reação”, relatou uma das meninas que frequentava a casa dos líderes religiosos, no Meireles.

 

Ela conta que chegou a ver o acusado fazendo o mesmo com outras meninas durante a madrugada. Diz que só mulheres podiam dormir na casa deles e a esposa era quem escolhia quais meninas iriam ao local.


Além de ter tomado remédios e chás várias vezes, a vítima diz ainda que Lívia sempre estimulava que elas ficassem “à vontade” na casa. “Ela conta que tínhamos que agradar o Paulo porque ele fazia tudo por nós”.


Ana Lígia Peixe Laranjeira, advogada de Paulo, nega as acusações das nove vítimas. “Não tem a menor condição, porque ninguém é dopado e consegue ver. Como é que a pessoa é dopada e presencia as coisas?”, argumenta, e conclui: “A gente espera que chegue a verdade real dos fatos”.


Na tarde de ontem, apesar da presença de testemunhas de acusação e de defesa e de nove vítimas, somente uma vítima foi ouvida e a sessão foi adiada. O POVO procurou o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) que não deu mais esclarecimentos sobre o motivo do adiamento e nem a previsão de prosseguimento da audiência.

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