Exatos três meses antes da Chacina do Curió — como ficou conhecida a maior matança já registrada em Fortaleza, com 11 mortos — barbárie semelhante assombrou moradores da comunidade da Estiva, no bairro Cais do Porto, também na Capital.
[SAIBAMAIS]
Foi na noite do dia 11 de agosto, quando cinco pessoas foram executadas a tiros e outras três foram baleadas, nas proximidades do entroncamento entre a travessa Vicente de Castro e a rua Ernesto Gurgel.
Autores dos crimes nunca foram identificados. A PM apurou que cinco homens teriam participado das execuções e atribuiu as mortes à disputa de território para o tráfico de drogas na região.
Por volta das 22 horas de 11 de agosto de 2015, homens armados, usando balaclavas, surpreenderam as vítimas em beco da comunidade. Foram mortos no local: Rafael Guedes Nogueira, de 22 anos; Francisco Maurismar dos Santos, 36; Raimundo Nonato Pereira Júnior, 33, e Maurício Cassimiro da Silva, 24. Já Emílio de Paula da Costa, 29, chegou a ser levado para o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), no Papicu, mas não resistiu. Um homem, uma mulher e uma criança também foram atingidos pelos disparos. Socorridos no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro, sobreviveram.
Rafael, que respondia por tráfico, seria o principal alvo. Após a ação, o grupo fugiu em dois veículos.
Moradores ouvidos pelo O POVO, que falaram na condição de anonimato, afirmam que a quantidade de envolvidos na chacina teria sido bem maior que os cinco apontados nas investigações da Polícia. Suspeitam, ainda, da versão apresentada como motivação para os crimes. “Fecharam os acessos da comunidade e saíram matando. As vítimas tentaram correr e ficaram espalhadas pelas ruas. Balearam até mulher e criança. E depois fugiram, de maneira muito organizada, diferente das gangues”, desconfiou um morador.
“Depois disso, ninguém reivindicou essas mortes. A Divisão de Homicídios veio aqui na mesma noite e depois nunca mais apareceu. Mas, disseram que foi o tráfico, como sempre. No Brasil, tudo é culpa do tráfico e das drogas, mas nada é investigado”, completou outra testemunha.
Investigação
A Controladoria Geral de Disciplina (CGD) informou que “não chegou neste órgão qualquer prova de que os suspeitos das mortes” sejam agentes de segurança, razão pela qual a Delegacia de Assuntos Internos (DAI) e a CGD “não estão, até o momento, investigando o presente caso”.