Diarreia insistente, perda de peso, dor abdominal, anemia. Sintomas que podem estar relacionados a muitas patologias. E é justamente por isso que as doenças inflamatórias intestinais — DIIs (doença de crohn e reticolite ulcerativa) são tão desconhecidas. Além dos sintomas citados, há ainda efeitos psicológicos e sociais significativos.
“Meu filho emagreceu 32 quilos em oito meses. Ele desistiu da faculdade e hoje só sai de casa para ir ao cursinho. Desde os sete anos sabia que havia algo errado com o trato intestinal dele”, contou a corretora de imóveis Vânia Azevedo, mãe de rapaz de 20 anos. Ela participou ontem da 9ª Caminhada para Crohn e Colite, na avenida Beira Mar. A ação faz parte do Maio Roxo, mês dedicado ao alerta para as DIIs, doenças crônicas e sem cura.
A coordenadora do Ambulatório das Doenças Inflamatórias Intestinas do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), Lúcia Libanez, explicou que essas patologias eram consideradas raras há 10 anos. “Passou-se a ter preocupação maior com o diagnóstico e a terapia. Hoje temos centro de referência em várias unidades do SUS e distribuição de medicamento”, disse.
Para tirar dúvidas, encontrar apoio e até trocar remédios (quando há instabilidade de entrega) cerca de 70 pessoas portadoras de DIIs se reuniram em um grupo de Whatsapp. “A gente troca informações, passamos força... não é fácil, o fator psicológico é muito forte”, destacou a cabeleireira Ana Rute Monte, 29. Ela descobriu a reticolite há 12 anos, depois de passar meses internada sem diagnóstico. Hoje, tenta ajudar quem precisa. “Perdi muito sangue nas fezes e emagreci 15 quilos em seis meses. Diziam que era verme e até de lúpus suspeitaram. Hoje vivo com limitações, tenho algumas crises, mas estou bem”.
As doenças intestinais serão tema do III Simpósio Multidisciplinar de Doenças Inflamatórias, que será realizado no dia 3 de junho no Centro de Eventos, em Fortaleza.
SERVIÇO
Ambulatório de Doenças Inflamatórias Intestinais
Onde: rua Capitão Francisco Pedro, 1290 — Rodolfo Teófilo (85) 3366 8167*É preciso ser encaminhado pela rede pública de saúde