Indígenas de diversas etnias que ocupavam há 51 dias a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), em Fortaleza, entraram em confronto com índios da tribo Pitaguary na manhã de ontem, no local da manifestação. Três pessoas saíram feridas e foram levadas ao Frotinha do Antônio Bezerra. Renato da Silva Filho, da tribo Pitaguary, foi transferido para o Instituto Doutor José Frota (IJF). Ele sofreu deslocamento da mandíbula, e está em estado grave. Durante o confronto, os índios estavam armados com tábuas de madeira. Três vidros de carros, de índios da ocupação, foram quebrados.
Em nota, a assessoria de comunicação da Funai informou que a Coordenação Regional já foi desocupada pelos indígenas e que a Polícia Federal está fazendo a segurança pública do local.
O motivo do confronto é que os grupos divergem quanto à escolha de Tanúsia Maria Vieira para titular da Coordenação da Regional Nordeste II. Índios que faziam a ocupação não aprovam Tanúsia e apoiam o nome de Eduardo Dezidério Chaves. Os pitaguarys são a favor de Tanúsia.
Eliane Tabajara, da coordenação de Articulação dos Povos Indígenas, lamenta que os índios estejam vivendo momento difícil, de desunião. “O objetivo não é brigar entre nós, mas ter nossos direitos atendidos, como demarcação de terra”, aponta.
Os pitaguarys chegaram à Funai, no bairro Amadeu Furtado, ainda na noite de segunda, 8, por volta das 23 horas, segundo Adriana Tremembé. O clima de tensão teve início quando os cerca de 40 índios pitaguarys derrubaram os portões da Fundação. Nos dois lados, havia crianças e idosos.
As tribos que ocupavam a sede da Funai são Anacé, Gavião, Jenipapo-Kanindé, Kalabaça, Kanindé, Kariri, Pitaguary, Potyguara, Tabajara, Tapeba, Tubiba-Tapuia, Tapuya-Kariri, Tremembé e Tupinambá.