Adriano Leitinho, defensor público e supervisor do Núcleo da Infância e Juventude (Najid)
O POVO - Na adoção, um dos fatores para lentidão é a fase de destituição do poder familiar. O que é esta fase?
Adriano - É uma fase obrigatória. Para a criança entrar na fila para a adoção, ela precisa ter sido destituída do poder familiar. O pai e a mãe precisam perder aquele poder sobre ela para que ela possa ser colocada numa família substituta. Quando há voluntariedade da mãe, esse poder é desfeito de forma imediata, na própria saída da maternidade. Mas esta fase, por vezes, demora.OP - Por quê?
Adriano - Dentro do sistema da Infância e da Adolescência, existe uma série de percalços. Faltam defensores, juízes e principalmente equipe técnica que é essencial até por imposição da Lei da Adoção.A gente não tem psicólogos e assistentes sociais suficientes. Os relatórios acabam demorando e é mais tempo neste processo de destituição. É mais tempo até que a criança entre no cadastro e mais tempo que ela fica na unidade de acolhimento exposta a prejuízos psicológicos, que está em desenvolvimento e precisa de uma família.