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População amedrontada assiste à ação de criminosos
Cotidiano

População amedrontada assiste à ação de criminosos

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Tipo Notícia Por
Igor Cavalcante, repórter de Cotidiano do O POVO

O aviso pichado no início da avenida L, na Vila Velha, não previa incêndios a ônibus. “Proibido roubo de celulares, bicicletas, comércio em geral e cidadão no bairro Vila Velha, quem vinher (sic) desobedecer às ordens vai pro saco”, garante. Quando o fotógrafo Mauri Melo, o motorista Dayves Fernandes e eu chegamos, por volta das 9 horas, no nosso primeiro destino, a carcaça do ônibus da empresa Vega, linha 221 - Vila Velha/RioMar Kennedy, ainda estava quente. Nas portas das casas, moradores especulavam sobre o atentado que acabara de acontecer na via. Quando me aproximava, todos fechavam as portas. Na rua, um homem com capacete cobrindo parte do rosto veio até mim dizendo ter uma mensagem dos Guardiões do Estado (GDE). E disse: “Vamos continuar se esse Governo não der condições a nossos irmãos no presídio”, disse. Ao lado, cerca de cinco garotos, com rostos cobertos por camisetas, gritavam: “aqui é GDE, governador”. Eles continuaram me seguindo enquanto eu filmava os restos do coletivo. E mandando recados. "Isso daí é porque estão maltratando nossos irmãozinhos lá dentro. É só um aviso, governador”, disse uma das crianças.


No Terminal do Antônio Bezerra, pelo menos três viaturas com policiais militares e guardas municipais garantiram o funcionamento normalizado do local na manhã de ontem. Antes que eu entrasse na estação, uma coluna de fumaça se formou próximo dali. “Olha aí, mais um ônibus queimado, deve ser no Padre Andrade. Ali é o cheiro do queijo”, disse um mototaxista.


Segui a sugestão do mototaxista. No Padre Andrade, bombeiros ainda debelavam as chamas do coletivo e policiais militares faziam a segurança dos brigadistas. O motorista do ônibus, ainda com os braços molhados com a gasolina arremessada pelos criminosos, explicou a ação do grupo: cinco homens ordenaram que o veículo parasse, expulsaram os passageiros e iniciaram o fogo.


Uma carta foi entregue ao motorista e coletada pela PM. Nela, a GDE ameaça o Governo do Estado com novos ataques, caso sigam “mexendo nas unidades prisionais”. Minutos depois, os bombeiros saíram escoltados pelos policiais. Em seguida, a população se dispersou e a carcaça do coletivo ficou abandonada no local.


Nosso último destino foi também um dos primeiros alvos no segundo dia de atentados. O 33° Distrito Policial, nas Goiabeiras, foi alvejado na madrugada, segundo moradores. Delegado e inspetores informaram que não poderiam repassar informações. Contudo, vidros estilhaçados na recepção, o parabrisa quebrado de um veículo estacionado e três marcas de tiro na porta da unidade denunciavam que os criminosos também estiveram ali.

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