A ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), teve o nome usado para batizar uma planta inédita, até hoje só identificada na Serra de Baturité. A espécie Phyllanthus carmenluciae é do mesmo gênero da erva conhecida como quebra-pedra, usada no tratamento de pedra nos rins. A descoberta foi publicada em artigo na última sexta-feira, 21, na revista científica Phytotaxa, da Nova Zelândia.
A pesquisa foi desenvolvida pela cearense Rayane de Tasso Moreira Ribeiro, que conclui doutorado em Botânica na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). O trabalho foi realizado em parceria com o Laboratório de Sistemática e Ecologia Vegetal (Lasev) da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde a espécie inédita estava armazenada e registrada equivocadamente.
[QUOTE1]A amostra estava na universidade desde 2004, identificada como uma outra planta do gênero Phyllanthus. Durante a pesquisa, Rayane percebeu diferenças na planta. “A estrutura da flor masculina foi determinante para a descoberta dessa planta. Essa espécie tem estames (parte masculina da flor) unidos e não soltos como as outras”, detalha a pesquisadora. “Essa foi a característica que chamamos no estudo de suprema”, em referência à estrutura única e à ministra que batiza a espécie.
Homenagem
A homenagem foi uma escolha da pesquisadora, que chegou a ser contestada pela orientadora do trabalho, a professora Iracema Loiola. “A gente costuma homenagear pessoas que contribuem para a área. Mas o Código Internacional de Nomenclatura Botânica não faz restrições”, reconsiderou a professora.
Rayane insistiu que deveria levar o nome da magistrada à espécie pela admiração que guarda à homenageada. Para ela, a presidente do STF tem perfil “progressista voltado para questões para a promoção da equidade de direitos entre mulheres e homens e o cuidado com crianças e jovens do nosso País”. Agora, o interesse é entregar à ministra um quadro com a imagem da espécie nova.
A pesquisadora informou que já tentou entrar em contato com o gabinete da magistrada, mas ainda não teve nenhum retorno. Por telefone, a assessoria de comunicação do STF informou, ontem, que não sabe se a ministra tomou conhecimento da homenagem.
Saiba mais
Com nome popular desconhecido, a espécie Phyllanthus carmenluciae é uma erva de pequeno porte, com caule pouco desenvolvido e marcado pela frágil estrutura.
A espécie é considerada rara porque até hoje só foi localizada uma única vez, no município de Mulungu, na Serra de Baturité.
Mesmo sendo do mesmo gênero do quebra-pedra, ainda não há comprovação de que a planta guarde qualquer característica medicinal. Estudos posteriores podem determinar seus usos.