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Compartilhamento de mentiras intensifica o medo
Cotidiano

Compartilhamento de mentiras intensifica o medo

As redes sociais dos fortalezenses estiveram recheadas de mentiras escritas como verdades entre informações reais sobre a segurança pública na Cidade nos dois dias de ataques
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Pelo menos dez diferentes e assustadoras informações falsas circularam nas redes sociais dos fortalezenses nos últimos dois dias. Eram boatos que deixaram a crise na Segurança Pública ainda mais complicada, intensificando a sensação de medo da população. Houve quem não saísse de casa e alertasse os amigos para que fizessem o mesmo. A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) lembra que fazer comunicações falsas de crime pode resultar em detenção de seis meses a um ano.

[SAIBAMAIS] 

“É próprio da natureza humana a ideia da mentira, da ficção, da invenção. Em épocas de rede social, há uma progressão e um aumento da gravidade desse tipo de prática”, analisa a vice-coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Naiana Rodrigues. Ela contextualiza os boatos como parte da sociedade e do meio urbano e moderno. “Desde que as grandes cidades surgiram, que o homem tem esse impulso de construir fatos a respeito do que ele não conhece”, diz.


As informações desencontradas começaram a ser disseminadas na quarta-feira, 19, quando o primeiro ônibus foi incendiado. As mentiras então se misturaram ao que de fato havia acontecido, e a tensão na Cidade se ampliou. Uma nota indicada como sendo da Prefeitura de Fortaleza chegou a circular, pedindo que a população não saísse de casa. O boato sobre o toque de recolher havia, inclusive, sido conteúdo das redes sociais em 2011, quando da greve de policiais militares.


“Os boatos incomodam sobretudo porque não têm autoria. São discursos proferidos num efeito cascata, e o fato de termos uma profusão de informações que não são verossímeis, em tons absurdos e sem autoria, traz ainda mais insegurança”, analisa Naiana.


De acordo com informações da SSPDS, todos os vídeos, áudios e imagens veiculados sobre atos delituosos e intervenções de grupos criminosos são investigados. Por isso é ainda mais importante que nada seja compartilhado sem confirmação.


Para o diretor da Faculdade de Direito da UFC, Cândido Albuquerque, entre a disseminação de verdades e mentiras, uma verdade — o assassinato de um homem na avenida Santos Dumont à luz do dia ontem — se sobrepôs. E fez com que as aulas do curso fossem canceladas ontem. “Não tinha clima. Os alunos me ligavam para saber como sairiam da aula às 21 horas. A partir de uma notícia real, dentro de um clima de absoluta exaltação, o boato se fez mais forte”, considera.


Para a dona de casa Marlene Sousa, 42, o áudio de uma mulher contando sobre suposta ação contra uma viatura policial convenceu. Informada que era mentira, ela disparou: “mas não é algo nada fora do normal”. “Sei que deve ter muitos boatos, mas precisamos nos prevenir também”, destaca. Ela disse que desmentiu o boato no grupo de WhatsApp no qual a informação fora compartilhada, no qual outras pessoas também já haviam dividido informações falsas.

 

ALGUMAS DICAS

Para identificar a veracidade de uma informação é preciso:

 

1) Jogar a informação no Google e ver se veículos de comunicação a confirmam

 

2) Verificar a fonte oficial e não se basear apenas em prints

 

3) Observar o excesso de adjetivos - com viés muito claro de acusação ou defesa

 

Fazer uma busca reversa da imagem também é uma opção, além de procurar sites dedicados a pesquisar boatos.

 

Além disso, esteja atento à data da publicação, pois notícias antigas podem ser retomadas como atuais.

 

Para finalizar, não confie em informações sem fontes e, antes de compartilhar qualquer conteúdo, leia mais do que o título e, na dúvida, não propague a informação.

 

Serviço

 

Caso você tenha informações que auxiliem o trabalho de investigação da Polícia, ligue para o número 181 do Disque Denúncia da SSPDS ou para o 190 da Ciops.

 

ALGUNS BOATOS

1) Hospital Antônio Prudente teria sido alvejado durante a madrugada

 

2) Ônibus incendiados em localidades como o bairro Álvaro Weyne e a avenida Francisco Sá

 

3) Carta assinada pelo vice-prefeito, Moroni Torgan, falando sobre a necessidade de as pessoas não saírem de casa depois das 22 horas

 

4) Áudio de uma mulher contando sobre o ataque a uma viatura da Polícia na rua Costa Barros, na Aldeota

 

5) Incêndio no Terminal do Antônio Bezerra

 

6) Informações de que os ônibus não circulariam ontem

 

7) Aviso de que, a partir das 22 horas, marginais iriam atirar em quem estivesse na rua

 

8) Escola na Via Expressa teria sido alvejada

 

9) Oscilação de energia elétrica durante a manhã seria fruto de ataques

 

OBS: O POVO checou, in loco e com os órgãos envolvidos, via assessoria de imprensa, a veracidade das informações compartilhadas. As aqui citadas eram mentiras.

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