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21 a seis para os bandidos? Isso não é um jogo
Cotidiano

21 a seis para os bandidos? Isso não é um jogo

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A segurança pública e a sensação de se sentir protegido na rua ou em casa não são etapas de um game onde bandidos e mocinhos disputam. Fosse assim, e adotando um discurso do próprio secretário André Costa, o placar da rodada desta quarta-feira estaria 21 a seis para os marginais. Vinte e um veículos incendiados contra seis prisões de suspeitos.

 

Falo no game, porque foi a forma adotada pelo delegado André, nas redes sociais, para comemorar “vitórias” contra a bandidagem. Foi assim, por exemplo, na manhã de 1º de março deste ano, quando policiais da SSPDS e da Polícia Federal mataram - durante um confronto - seis bandidos que assaltariam dois bancos no município de Jaguaruana. Cedinho, via Facebook, o secretário postou: “Hoje o dia começou mais iluminado, apesar da chuva. O placar foi 6 a 0 para a polícia”. Até entendo que o titular da pasta da Segurança se agarre a uma narrativa motivacional para estimular a tropa. Pois é, mas a Segurança Pública não é um jogo e carece de de um planejamento cruzado a curto, médio e longo prazo para que se retome a sensação de segurança no espaço público e dentro de casa. Ontem,Fortaleza foi mais acuada do que vem sendo a cada dia. E, talvez, André Costa nem tenha culpa sobre a questão. Ele seria, mesmo, apenas aquele “pé-de-boi” que Cid Gomes tanto procurou. E um cara bacana que faz da polícia sua “família” e não aceita que os irmãos sucumbam diante da marginália. É essa sua vocação (ou limitação) e só. Ouvindo o urbanista Fausto Nilo, ontem, mais ou menos no horário que os ataques desesperavam a Cidade, fiquei matutando sobre a inexistência de um planejamento consequente para restaurar a paz pública. Comprar viaturas, aumentar efetivo, dar uma arma para cada policial é importante. Mas, no estágio em que vivemos, apenas corremos atrás de prejuízos. Não fosse assim, a dinâmica da Cidade não teria acolhido um GDE ou qualquer outro grupinho “terrorista” que se alimenta da desigualdade social. Muito menos ficaria refém de bandidos que violentam, quando querem, o cotidiano dos cidadãos.  

 

Demitri Túlio, repórter especial e editor do O POVO

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