Dor lombar e movimento
Um dos trabalhos mais citados no evento, com o título de "Prevention and treatment of low back pain: evidence, challenges, and promising directions",foi publicado recentemente pela revista The Lancet (periódico com quarto maior fator de impacto do mundo) e concluiu que as estratégias não farmacológicas com maior nível de evidência para tratamento da dor lombar são: exercícios físicos, a continuidade das atividades físicas diárias e a educação do paciente de acordo com o modelo biopsicossocial, ou seja, além de questionar e sugerir o uso mais prudente de intervenções como medicação, exames de imagem e cirurgia, o texto apresenta que as abordagens mais resolutivas estão relacionadas ao movimento.
Infelizmente ainda não há como definir qual o programa de exercícios mais indicado para a prevenção e tratamento da lombalgia. A diversidade dos métodos de treinamento utilizados, a competência do profissional responsável e a natureza multifatorial dos problemas que acometem a coluna vertebral inviabilizam a adoção de um protocolo único. Apesar da crença que atividades mais leves e sem manejo de cargas são mais indicadas, há centenas de estudos bem conduzidos demonstrando que diversos exercícios e com intensidade crescente impactam positivamente no alívio dos sintomas, melhora da função e qualidade de vida. Parece que o principal determinante dos resultados é como os exercícios são prescritos e supervisionados.
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Nesse contexto, para mim não faz sentido prescrever exercícios para um indivíduo com dor lombar pensando apenas na coluna vertebral. O corpo humano tem como uma de suas principais características a integração de suas peças e sistemas, de tal modo que não consigo imaginar um programa de exercícios mais adequado para o treinamento de alguém com dor nas costas que não contemple estímulos para TODOS os componentes da aptidão física relacionada à saúde, incluindo uma atividade predominantemente aeróbia, alongamentos, exercícios de mobilidade e, principalmente, exercícios de força e estabilidade que respeitem o estado atual de saúde, nível de aptidão física e até o medo e a insegurança desse sujeito em relação a treinar com pesos.
Isso quer dizer que em um primeiro momento, o indivíduo pode experimentar exercícios de baixa complexidade motora e com o uso de acessórios facilitadores para que se sinta mais seguro e confiante no programa. Em seguida, novos exercícios que exijam mais dos músculos estabilizadores começam a ser incorporados até que finalmente o programa possa ser executado de forma a oferecer não somente proteção para coluna vertebral, mas também atender outros objetivos relacionados à saúde, performance ou estética.
Bons treinos!
Rossman Cavalcante