PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

Pelo direito de buscar o belo

2018-05-14 01:30:00

Não há como negar que o apelo estético ainda é um dos principais motivos que levam as pessoas a abandonar o sedentarismo. Particularmente, sabendo dos bônus para saúde e disposição física que vêm agregados ao pacote exercícios físicos, não vejo problema algum em alguém “abandonar o sofá” porque quer se sentir melhor com o próprio corpo.


É fato que exercícios podem realmente modificar a proporção de alguns dos diferentes componentes da massa corporal, principalmente gordura e os músculos que são passíveis de alteração em função de treinamento físico regular e com intensidade adequada. Porém é fundamental compreender que outros fatores também estão diretamente relacionados à composição corporal e que, se mal administrados, podem sabotar seus objetivos. Em outras palavras, a busca por uma imagem corporal que atenda suas próprias demandas implica em um gerenciamento de diferentes fatores que incluem o nível de atividade e aptidão física, controle nutricional, descanso adequado e até gerenciamento do stress. Ninguém falou que é fácil, mas com auxílio profissional o processo pode se tornar tão eficiente, quanto seguro.


A Ciência já conseguiu estabelecer uma conexão bastante sólida entre saúde e composição corporal. Existem várias pesquisas que apresentam parâmetros de gordura corporal que podem incrementar o risco de doenças como diabetes tipo II, hipertensão arterial, doença coronariana, dislipidemias e até alguns tipos de câncer. Creio que está claro que independentemente dos objetivos relatados pelos praticantes de exercício físico, buscar um percentual de gordura que não esteja associado ao risco de agravos à saúde deveria ser uma das metas de qualquer treinamento, até porque, na maioria das vezes, uma composição corporal adequada para saúde também agrada aos olhos.


Nessa busca, por vezes desenfreada, pelos padrões estéticos vigentes é evidente que há excessos. Utilizando como referência corpos abençoados pela genética ou construídos com química e treinos que não se enquadram na rotina de um cidadão trabalhador normal, algumas pessoas ultrapassam a linha de segurança do treinamento físico ajustado à sua realidade e acabam produzindo um misto de dor, lesão e frustração. Ao perceber que algum aluno está enveredando nessa “rota”, o educador que deveria estar presente em todo profissional de Educação Física tem que intervir, reconhecendo como legítimo o direito de buscar o belo, mas esclarecendo o que é possível modificar por meio de exercícios controlados e quais as condições necessárias para isso.


Porém, existem alguns profissionais de Educação Física que consideram treinar com fins estéticos algo menor, menos nobre do que treinar para saúde ou para melhorar o desempenho esportivo e esquecem que exercícios de nada valerão se não houver regularidade e dedicação, qualidades mais facilmente encontradas quando o praticante percebe que seus objetivos estão sendo respeitados. Para compensar essa lacuna de apoio, não faltam oportunistas de toda sorte, vendendo soluções fantasiosas.


Aperfeiçoar a forma também promoverá alguma melhora na função. A diferença é que no caso das pessoas que priorizam objetivos relacionados à estética, a hipertrofia e a definição muscular são os objetivos primários. Já no caso dos indivíduos que querem desenvolver prioritariamente suas capacidades físicas necessárias para melhorar a saúde ou o desempenho esportivo, a melhora da forma é apenas uma consequência das escolhas certas em relação ao treinamento.


Bons treinos!

 

Por Rossman Cavalcante

Gabrielle Zaranza

TAGS