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Laércio: mais maturidade nos maiores salários

00:00 | 05/11/2017
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O diretor-presidente da Totvs, a gigante brasileira de softwares, Laércio Cosentino, é um crítico contumaz do engessamento causado pela legislação trabalhista brasileira. No ramo dele, sobretudo, era motivo de anacronismos impensáveis. Com a aprovação da Reforma Trabalhista deste ano, ele sugere ficar alerta contra retrocessos na lei aprovada. Laércio conversou com a Coluna, em Fortaleza.


VERTICAL S/A – Há dois anos em entrevista às Páginas Azuis do O POVO, o senhor me apontava aspectos da legislação trabalhista brasileira que considerava fortes limitadores para a economia. Em que medida o País conseguiu avançar com a Reforma Trabalhista aprovada?

LAÉRCIO COSENTINO – O avanço foi importante. É lógico que entra agora a partir de novembro e o que a gente tem de tomar cuidado é que no meio do caminho não tenha nenhum ajuste radical naquilo que foi aprovado. Da maneira que está com o acordado valendo mais do que o legislado e você tendo o conceito da hipossuficiência. Ou seja, ninguém é hipossuficiente. Se você ganhar acima de R$ 11 mil, acho que isso é fundamental. Não dá pra você no meio do caminho contratar alguém que tenha um valor de seu salário muito maior do que a média brasileira, acordar tantas premissas e quando terminar o contrato entrar no Ministério do Trabalho judicializando uma causa que não deveria ser judicializada. Acho que não tem nenhuma quebra dos direitos dos trabalhadores. Muito pelo contrário. É você regulamentar para que o Brasil tenha um ambiente trabalhista melhor e que não se vá à Justiça para querer reivindicar alguma coisa a mais que ele deveria ter reivindicado enquanto estava trabalhando.

VSA – O senhor vê maturidade em trabalhadores e empresas para este novo cenário com esta nova legislação?

LAÉRCIO – Acho que a maturidade é cada vez mais de quem tem os salários maiores. Quando você diz que não vai ter a possibilidade de entrar e fazer, simplesmente separar aquele bom profissional que hoje acorda alguma coisa independentemente da legislação trabalhista e cumpre, como a empresa também cumpre. O que vai tirar realmente são aqueles maus trabalhadores, maus empresários também que, no meio do caminho, não estavam cumprindo o acordado.
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VSA – Quando eu falo em maturidade é porque existe na cabeça no trabalhador a ideia de que não havendo a prevalência da legislação ele vai ser engolido pela empresa. O senhor vê isso nas empresas?

LAÉRCIO - Não tem a possibilidade de ser engolido porque hoje a concorrência é global. Cada vez mais a gente fala, principalmente na prestação de serviço, no caso da Tecnologia da Informação, que você pode empregar alguém aqui no Brasil como também pode empregar na China, na Índia, em Israel, no desenvolvimento de software. E o que separa simplesmente é uma boa Internet no outro lado do mundo com regras completamente diferentes das que temos aqui. O Brasil não se atualizar estaria gerando mais desemprego do que se atualizar. A partir do momento que você é competitivo na geração de emprego, aqui, por que você faria fora do País? Cada vez mais as legislações, que definem trabalho e salário, têm de seguir padrões mundiais. Até porque o mundo é global.

VSA – No seu negócio, o senhor atende empresas que por sua vez atendem o próprio público. Como é essa distância ante quem fabrica o software e quem vai usar na ponta?

LÁERCIO- Cada vez mais está existindo uma aproximação entre quem desenvolve software em si com o consumidor final. Normalmente quem fazia software de gestão operava no B2B, negócio para negócio. E hoje quando você olha quem está conectado é pessoa física. Daí a gente fala assim: Tem que fazer negócios B2B and C. Quer dizer, tem que chegar até o consumidor final. Isto faz com você tenha de conhecer a cadeia como um todo. Não adianta, como é no caso da Totvs, fornecer um sistema para uma universidade. Tem que fornecer para universidade e para o aluno. Para o hospital, mas também para o paciente. Para a loja e também para o consumidor. E assim sucessivamente. Cada vez mais é necessário que a gente tenha proximidade muito grande com a ponta que hoje está conectada gerando informações.

VSA – Há dois anos o senhor trabalhava sua transição, para deixar o comando da empresa e ir para o Conselho. Depois teve de voltar para o negócio. Qual a sua avaliação dos anos depois daquele momento de ir e voltar?

LAÉRCIO – Muitas vezes a gente vai fazer o processo de transição. Porque está na hora. E muitas vezes, você enxerga uma oportunidade. Então pode ter a oportunidade e não tem a pessoa. Ou tem a pessoa e não a oportunidade. No nosso caso, acreditávamos que tínhamos a pessoa e geramos a oportunidade. Não deu certo, depois de dois anos a Totvs continua firme e forte. O caminho da Cia é muito maior do que uma pessoa.

VSA – O que o Ceará significa para a companhia?

LAÉRCIO – A gente vê o Ceará como relevante e importante. A Totvs hoje tem mais de 50% do mercado brasileiro. A gente não pode se descuidar em nenhum dos estados. Se a gente é líder no mercado global, mas a gente tem grande participação nas pequenas e médias empresas. E a gente vê o Ceará como grande celeiro de pequenas e médias empresas onde muita coisa realmente acontece. Aqui dentro na geração de valor. E a gente tem de estar presente.

VSA – Há dois movimentos na área de serviço no Ceará. Um hub aéreo e um possível hub marítimo. Como Totvs lê esta conjuntura e se prepara para este novo cenário econômico?

LAÉRCIO - Acho que a palavra hub é fundamental, principalmente para este posicionamento aqui do Ceará. Já está muito mais próximo do que o Sul e Sudeste do mundo de cima, então vejo com muitos bons olhos. Importante fazer com que todas as regiões do Brasil prosperem. Pode ser turismo, pode ser outro negócio. E tem lugares que pela própria geolocalização podem colaborar muito mais do que ser um braço de turismo. Que é o caso do Ceará. Acredito que haverá um grande avanço para todas as empresas instaladas aqui.

VSA – Totvs parou de comprar?

LAÉRCIO – A Totvs não parou de comprar. O que estamos fazendo é focando na complementaridade. Ou tecnologia. Não estamos mais do mesmo. Não faz mais sentido. Agora cirurgicamente é comprar empresas que tenham excelentes componentes complementares ao que a Totvs tem e tecnologias disruptivas.


Sesa sofre de “secretarite”


A Secretaria da Saúde do Ceará tem dois secretários-adjuntos, além do titular e do secretário-executivo. É um caso para estudo.


No organograma do Estado, o padrão são três secretários por pasta - com toda a infra de um gabinete, como motorista, carro oficial e outros benefícios de uma grande empresa. Ops, de um estado rico. Ops, somos um estado pobre.


Na Sesa, o físico Henrique Javi é o titular. O adjunto original é o médico Marcos Gadelha. A secretária-executiva é Lilian Alves Amorim Beltrão. Mas desde o dia 30 de maio a Saúde do Ceará tem uma segunda adjunta, a farmacêutica Isabel Cristina Cavalcante Carlos. A situação esdrúxula implicou pequena reforma na sala do adjunto original. Marcos Gadelha perdeu metade do amplo gabinete de outrora.


A propósito, o secretário Javi é um nome sob pressão no Governo. As cobranças por resultado passaram a ser regra, e não mais a simples liberação de recursos. Em tempo: há consultorias muito bem pagas e bem saudáveis graças a contratos com a Sesa.


JOGO RÁPIDO


SONHO. Não foi por assim dizer nenhuma surpresa a admissão pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles de que é um presidenciável. Quem com ele trabalhava na J&F, especialmente no Banco Original,
sabia claramente deste desejo.

 

SAS


R$ 177 mi em três anos


O CEO do SAS, Ari de Sá Neto, 38, disse à Coluna que o investimento nas 10 aquisições nos últimos três anos chegou a R$ 177 milhões. Vitaminado pelo aporte novo de R$ 90 milhões (valor não confirmado por ele) da General Atlantic nos 6% a mais de participação na empresa (já tinha 20%), o SAS agenda investimento de R$ 200 milhões em dois anos. Ari disse que só neste ano o SAS contratou 200 funcionários. Destes, 90% em Fortaleza.


A sede da empresa, em Fortaleza, na avenida Santana Jr, ao lado do viaduto Celina Queiroz (Cocó), impressiona. É uma área total de 3.500 m² donde sai o material didático para 350 mil alunos de 1.100 escolas em todo o País. Ari afirma que a ideia de abrir capital não morreu. “O plano há, mas ainda estamos no primeiro passo. Não dá para falar ainda. Não está maduro”. Segundo ele, a gestão do Sistema não terá alterações por conta do maior peso do sócio minoritário.


O SAS tem um Conselho de Administração e este segue intacto.

 

São três nomes: Oto de Sá Cavalcante (pai de Ari), ele próprio e um nome indicado por General Atlantic (a propósito, também sócio de outra companhia cearense, a rede de farmácias Pague Menos).

 

NEGOCIAÇÃO


Hilton na Praia de Iracema

O antigo Novotel, hoje fechado, na rua Atualpa Barbosa com Antonio Augusto - onde antes funcionada um Blue Tree, deverá se transformar em um hotel com bandeira norte-americana. Seria a primeira do Ceará. Os donos do prédio, leia-se a paulista Helbor, negociam com a bandeira Hilton Inn Garden. Procurada pela Coluna, a francesa AccorHotels, que nesta semana confirmou um hotel ibis em Caucaia - no entorno do Complexo do Pecém - avisou que não comenta.

 

FGV-RJ


O papel e o tamanho

O diretor-geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Flávio Ataliba, é um dos debatedores do Seminário “Papel e Tamanho do Estado Brasileiro”, nesta segunda, na Fundação Getúlio Vargas (RJ).

Ataliba estará à mesa no painel “Novos caminhos da gestão pública”. Ao lado dele, Alketa Peci (professora da FGV- Ebape), Aloísio Araújo (vice-diretor da FGV- EPGE) e Francisco Gil Castelo Branco, secretário-geral da Associação Contas Abertas.

 

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