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Pelo direito de Lula concorrer

2018-04-15 00:00:00

Uma semana depois de consumada a prisão do ex-presidente da República mais popular da história do Brasil (que deixou o governo com 87% de aprovação e que é o preferido absoluto das pesquisas eleitorais para o Planalto), a opinião pública nacional e estrangeira tenta entender o ocorrido. Quanto mais arbítrio, mais se intensifica a resistência democrática em nível interno e externo. Manifestações populares em várias capitais pelo mundo, protestos vindos de políticos e de governo de vários países ganharam o noticiário.

 


NOBEL DA PAZ

 

A União Europeia ameaça suspender negociações com o Mercosul, por causa disso. Movimentos sindicais internacionais, organismos de direitos humanos, partidos e lideranças democráticas (até de partidos conservadores) se unem na exigência de liberdade para Lula e da permissão para que ele dispute democraticamente as eleições, a fim de que a democracia brasileira volte ao curso natural.

 

Dois prêmios Nobel da Paz – o argentino Adolfo Esquivel (1980) e o egípcio Mohamed El-Baradei (2005) encabeçam a campanha para a entrega do Prêmio Nobel da Paz 2018 ao ex-presidente Lula – considerado preso político – que já alcança mais de 200 mil assinaturas.

 

RESISTÊNCIA

 

Impressionaram as cenas de resistência de uma imensa massa que se recusou a permitir a entrada da polícia na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (berço histórico da resistência operária liderada por Lula durante a ditadura), e se horrorizou com a explosão de ódio que ameaça a vida do ex-presidente. A imprensa internacional já denunciara esse ódio quando foram disparados tiros contra ônibus da caravana petista, no Paraná.

 

Seu estupor aumentou quando se soube do comentário ouvido durante as transmissões de rádio da polícia, quando uma voz pedia para que atirassem “esse lixo” (Lula) pela janela do avião que o transportava de São Paulo a Curitiba. O horror continuou com os rojões dirigidos contra o helicóptero, no momento da descida deste na capital curitibana, aparentando um propósito de provocar um desastre aéreo.

 

BOM DIA, PRESIDENTE!

 

Na ocasião, uma multidão de apoiadores se concentrou nos arredores da sede da Polícia Federal para saudá-lo (e foi reprimida por isso, com vários feridos, inclusive crianças). Mesmo assim, milhares de pessoas continuam, diariamente, a acorrer a Curitiba, que se tornou um bastião da resistência democrática contra o Estado de Exceção. Dia e noite mantêm a vigília, e é emocionante ouvi-los, todas às 8 horas da manhã, saudar Lula com um sonoro e entusiástico grito de “bom dia, presidente!” (que é ouvido por ele, em sua solitária). A multidão cresce a cada dia. A grande mídia boicota o espetáculo de civismo, mas, as pessoas podem acompanhá-lo pelas redes sociais, na internet. Aliás, estas vêm se constituindo num dos obstáculos à instalação silenciosa do autoritarismo que começa a sufocar paulatinamente o País.

 

MESQUINHEZ

 

O arbítrio já é tamanho que uma comitiva de nove governadores (o décimo pediu para ser representado) e três senadores foi impedida, autoritariamente, pela “República de Curitiba” de visitar Lula. Uma demonstração do quanto a exceção já se entranhou no aparelho de Estado. Nem no tempo da ditadura de 1964 comitivas parlamentares foram impedidas de visitar prisioneiros. Basta lembrar as visitas do senador Teotônio Vilela, Arena/AL (aqui no Ceará, de parlamentares do MDB de então, tais como Paes de Andrade, Maria Luíza Fontenele, Iranildo Pereira, dentre outros) aos presídios para ouvir os presos do regime. 

 

DESPREZO AO VOTO

 

A mensagem que certos togados pretendem passar com esse gesto é a da desmoralização e criminalização da política e de desprezo à soberania popular, tentando afirmar que a representação política não vale nada. Os governadores e senadores eleitos por um conjunto de milhões de eleitores teriam de se curvar ao pavoneio de uma funcionária de primeira instância de um poder não-eleito. Logo trataremos desse delírio autoritário, ilegítimo, que se apodera de uma parte do Judiciário. 

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