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Provas contra Lula: vexame internacional

2018-02-04 00:00:00

 
A pesquisa do DataFolha, feita depois do julgamento de Lula, deixa claro que a trinca do TRF-4 não conseguiu convencer o Brasil com sua “didática”. O ex-presidente continua a ter a preferência da maioria dos consultados nas pesquisas pré-eleitorais: mais do que a soma de todos os outros pretendentes, em que pese a campanha contra ele. O povo brasileiro parece ter entendido que Lula sofre perseguição judicial justamente por causa disso. Para essa parte da população, o tratamento dado a ele diferencia-se totalmente do recebido pelos seus adversários. Mais estranho ainda porque sobre estes pesam provas substanciais, enquanto contra o ex-presidente reuniram-se não mais do que “convicções”. Juristas divergentes têm afirmado serem “vexatórias”, do ponto de vista do Direito Penal e da Constituição, tais “provas”.

VOLTA À ROTINA


As classes dominantes brasileiras, aliás, nunca conviveram bem com a democracia: interrompem-na, sob qualquer pretexto, sempre que sentem ameaçado o monopólio que detêm sobre o poder. Desde 1889, ano da Proclamação da República, só veio haver democracia plena, no Brasil, no período de 1988 a 2016. Aí foi interrompida pelo golpe do impeachment sem crime de responsabilidade, tão logo as forças do sistema foram derrotadas nas urnas pela quarta vez consecutiva (o povo foi longe demais). Foi o pretexto para se reintroduzir no País o regime de exceção. Nada diferente do que ocorreu rotineiramente na história do Brasil. O desdobramento lógico do golpe é tentar impedir a eleição, pelo povo, do ex-presidente Lula, pois isso significaria encantoar, de novo, a burguesia. Logo ele, que deixou o poder com mais de 87% de aprovação. Só que não tem adiantado: o processo judicial é visto também como “farsesco” por boa parte do mundo jurídico nacional e estrangeiro. O povo brasileiro já havia entendido isso. Só resta trocar o povo.

RAIO X


Para entender o que está se passando no Brasil, basta abrir o novo livro do cientista social Jessé Souza: A elite do atraso – da escravidão à Lava Jato. Eis um pequeno aperitivo: “O que a Lava Jato e seus cúmplices na mídia e no aparelho de Estado fazem é o jogo de um capitalismo financeiro internacional ávido por “privatizar” a riqueza social em seu bolso. Destruir a Petrobras, como o consórcio Lava Jato e grande mídia, a mando da elite do atraso, destruiu, significa empobrecer o país inteiro de um recurso fundamental, apresentando, em troca, não só resultados de recuperação de recursos ridículos de tão pequenos, mas, principalmente levando à destruição de reerguimento internacional do país. Essas ideias do Estado e da política corrupta servem para que se repasse empresas estatais e nossas riquezas de subsolo a baixo custo para nacionais e estrangeiros que se apropriam privadamente da riqueza que deveria ser de todos. Essa é a corrupção real. Uma corrupção legitimada e tornada invisível por uma leitura distorcida e superficial de como a sociedade e seus mecanismos de poder funcionam”

“AVIÕEZINHOS”


“A construção de uma elite toda poderosa que habitaria o Estado só existe, na realidade, para que não vejamos a elite real, que está “fora do Estado”, ainda que a “captura do Estado” seja fundamental para seus fins. É uma ideia que nos imbeciliza, já que desloca e distorce toda a origem do poder real. Nesse esquema se fizermos uma analogia com o narcotráfico, os políticos são os “aviõezinhos” do esquema e ficam com as sobras do saque realizado na riqueza social de todos em proveito de uma meia dúzia. Combater a corrupção de verdade seria combater a rapina, pela elite do dinheiro, da riqueza social e da capacidade de compra e de poupança de todos nós para proveito dos oligopólios e atravessadores financeiros”. Aliás, a bola da vez é a Eletrobras. Alexandre de Moraes acaba de entregá-la.

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