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Morrer na copa, nunca mais!
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Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro

Tarcísio Matos arte e cultura

Morrer na copa, nunca mais!

 

O torneio da Rússia, que acaba neste domingo, 15 de julho, ainda está atravessado nos "grugumí" de Zé Freire. Isso é lá coisa, homi! Quem diria, hein? Viram só? Dá pra entender? Dona Mimosa, mãe do Zé, morrera em ataque fulminante uma semana antes do jogo infeliz contra a Bélgica. E justo no dia da refrega contra o time do Hazard, teríamos a missa de sétimo dia da finada senhora. Celebração tranquila, não fosse a hora marcada pelo Zé. 16 horas.

Igreja a poucos metros de casa. E o triste Zé Freire, filho único, rapaz véi, sentado na primeira fila - o templo católico abre as portas sempre às 16 horas. Espera o primeiro amigo da família chegar, um parente, um fiel qualquer. Já são 16h30 e somente o padre e um sacristão de testemunha na santa Casa de Orações. Zé cismado, olhando pra trás, pras portas, pra cumeeira. E vê as horas escorrerem. E nada de ninguém chegar.

"Não se turbe o vosso coração..." - proclama o celebrante. Sozinho, em meio às centenas de acentos desocupados, grita Zé Freire:

- Como não, seu padre! Turbo meu coração, sim! Nenhum pé de pessoa na missa de mãe!...

Na azada ora, rojões e bombas rasga-latas explodem em derredor. O sacristão, radinho de pilha escondido na orelha de abano, se apressa em contar ao padre o porquê da barulheira. Cochicha no ouvindo dele:

- Capriche no vinho que foi gol do Renato Augusto. 2 a 1 pra eles...

- Tem condição?... - sem querer o padre alteia a voz.

- Tem não, seu padre! Assim não tem condição! - dispara Zé Olavo. - Nenhum cristão na missa de sétimo dia de mãe! Olhe a sua igreja vazia!

E do altar, ao lado do padre torcedor, o sacristão explica:

- Também, marcar missa de sétimo dia pra dia de jogo da seleção...

Muito invocado, Zé...

- Ok, sacristão! Da próxima, aviso pra mãe nunca mais bater a caçuleta na copa!!!

Ponta direita

Seu Chico Bindô anda já velhinho, "oiças" poucas, mijando nos pés. Pra piorar, dizem que tá com Alzheimer. E deve ter sido isso mesmo que o levou a, do nada, altercar com a filha Judite. Tudo começou na sala de jantar. Zilá, esposa de Chico Bindô, despretensiosamente, pergunta a Judite que fim levou Marcos Osório, vizinho do lado, metido a rico. E a inocente menina diz.

- Tá na Rússia!

- Na Rússia?!?!?!? - pergunta aflito o até em calado Chico Bindô.

- Sim, pai. Marcos foi ver a Copa da Rússia!

E o velho ruim das oiças, contemporâneo de Nikita Khrushchov...

- É um comunista!!! Nunca me enganou, esse Marcos!!! Um comunista!!!

Do fundo do Baú

A simpática senhora mãe do amigo Nicédio, em Iguatu, conta que na madrugada sonhara com o filho querido, residente em Fortaleza. Que Nicédio lhe aparecera em sonho às duas da madrugada, e conversaram bastante. Tão real aquilo que ela acordou. Ele explica o fenômeno, muito comum, por sinal.

- Quando dormimos, mãe, o espírito se emancipa, sai do corpo e vai se encontrar com aqueles que ama...

- Pois da próxima vez, veja um outro horário pra vir conversar comigo!

 

Foto do Tarcísio Matos

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