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Notícias insólitas
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Escritora e jornalista com doutorado em estudos da literatura pela Universidade Federal Fluminense. Ganhou o Prêmio Jabuti, na categoria de Literatura Infantil com o livro

Notícias insólitas


Um homem matou uma cobra cascavel com uma facada brutal. Enquanto juntava os restos mortais e jogava em um saco, a cabeça da defunta atacou seu algoz, injetando veneno. Aconteceu o mesmo com um cozinheiro chinês, mas esse coitado não sobreviveu à revanche do bicho.


Na Austrália, uma mulher procurava uma casa para comprar. Achou uma boa oferta, efetuou a compra e fez a mudança para a nova residência. Nos primeiros dias encontrou uma porta que não tinha visto antes. Era um quarto. A dona ainda estava lá, deitada na cama, de camisola, mumificada. Dizem que ela deve ter morrido no mínimo dois anos antes de ser encontrada.


Um ônibus estava sendo assaltando quando outros dois meliantes entraram no coletivo, com a mesma intenção. Diante a falta de organização, a inexistência de uma planilha ou aplicativo para orientar os ataques, os ladrões todos acabaram apanhando dos passageiros.

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Um padre no interior do Ceará sofreu o infortúnio de ser atingido na queda do sino gigante da igreja. Ficou internado por muitos meses, com graves sequelas, mas escapou. Voltou às suas atividades, agradeceu muito a Deus pela segunda chance. Em uma das vezes em que comungou, grato pela vida, morreu engasgado com a hóstia.


A avó de uma amiga morreu três vezes. Nas duas primeiras, levantou-se já de dentro do caixão, reclamando do fedor das flores, estupefata com a gritaria ao redor. Uma filha que morava longe avisou: “agora só me chamem quando ela bater as botas de verdade. Mamãe tem essa mania feia de não morrer direito”.


A verdade é que a ficção, por melhor que seja, não consegue superar a vida real. Tem de tudo nesse mundo. Algumas dessas histórias eu reuni com meus alunos da Especialização em Escrita Literária do Centro Universitário Farias Brito. Outras maravilhosas estão no livro Palácio da Memória do Nate DiMeo, que tem como ofício a busca de histórias reais impressionantes vividas por pessoas comuns.


É parte da profissão do escritor estar sempre disposto a ouvir fatos incríveis da vida dos outros. Eu tenho a sorte de me deparar com muitas, tantas que coleciono. Matérias de jornal, anotações, depoimentos, tudo vale e serve para construir narrativas ficcionais. O Ceará é solo fértil para a fabulação. Felizmente. Já fomos castigados com tantos infortúnios, ao menos o absurdo nos salva.


Quem tiver uma história real muito impressionante, por favor, me conte. Eu adoro saber. Casos de família, alma do outro mundo, recado do além, mortos que voltam, sagas, exemplos de coragem, ousadia, tudo isso me interessa. E quase tudo acabará virando ficção a partir da minha coleção de delírios, esses que vou juntando ao longo dos anos.


Pra terminar, vou contar mais uma: meu aluno Paulo Albuquerque contou sobre um austríaco com criava perus com gorrinhos nas cabeças. O motivo: a convicção de que a próxima geração de peruzinhos já nasceria com gorro. Não temos informações sobre a reação do austríaco ao nascimento dos bebês perus e ao descobrimento da existência das Leis de Mendel. Espero que ele
esteja conformado.

Foto do Socorro Acioli

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