Logo O POVO+
FLIF: uma utopia possível
Foto de Socorro Acioli
clique para exibir bio do colunista

Escritora e jornalista com doutorado em estudos da literatura pela Universidade Federal Fluminense. Ganhou o Prêmio Jabuti, na categoria de Literatura Infantil com o livro

FLIF: uma utopia possível


Enquanto o Brasil vai sendo destruído aos poucos e sentimos a esperança enfraquecer, continuo insistindo na literatura como saída. Não é coincidência a relação entre o desenvolvimento e os índices de leitura dos países do mundo que admiramos. Uma população que tem acesso aos livros e às demais abas do sistema literário consegue votar melhor, compreender o processo político e escapar de armadilhas.


Acabo de chegar do LER – Salão Carioca do Livro, um evento feito para leitores. Uma belíssima experiência. A programação teve Julio Silveira como um dos curadores e conseguiu acolher gêneros literários muito diversificados. Havia uma mistura saudável de idades, movimentos, lugares de fala, projetos e ideais no espaço democrático que se consolidou como um dos eventos importantes sobre livro e leitura do Brasil.


Passar três dias entre escritores, ouvindo palestras, conversas, aprendendo com as diferenças, descobrindo novas ideias, é como estar em estado de festa permanente. Leitores caminhavam felizes com seus livros em direção às longas filas formadas ao final de cada evento. Crianças, jovens, adultos, idosos respirando literatura.

[QUOTE1]

O mais impressionante do LER – Salão Carioca do Livro, foi o fato de acontecer na Biblioteca Parque, equipamento do estado do Rio de Janeiro que estava fechado e em péssimas condições. Os realizadores do Ler reformaram a biblioteca para abrigar o evento (que foi totalmente gratuito) e depois entrega-la como presente para a cidade.


Enquanto estive lá fiquei pensando porque uma festa literária sólida e contínua ainda não vingou em Fortaleza. Vivemos as boas tentativas da Festa do Livro e da Rosa, da Flaq/Flac, mas tudo feito com muita dificuldade e sem criar raízes. No mundo dos livros em Fortaleza, as raízes andam sempre frágeis. Não faltariam espaços para uma festa literária dessa ordem. Nem belezas para mostrar. A Flip em Paraty, por exemplo, começou pequena e modesta. Cresceu com os anos, mudou, melhorou. Mas é o resultado da combinação de apoio financeiro robusto, coragem e persistência.


Espero ainda ver uma festa literária na Praia de Iracema, no Dragão do Mar, na Biblioteca Pública Menezes Pimentel, espalhada por tantos espaços possíveis, fortalecendo a formação de leitores na cidade, uma pauta que deveria ser urgente. Já me perguntaram porque algo assim não vinga por aqui ainda, logo Fortaleza, a terra da Padaria Espiritual. Confesso que não sei, mas torço para que aconteça, que seja algo feito para durar, melhorar, crescer. No setor da moda temos o Dragão Fashion, que conseguiu o seu espaço constante no calendário de eventos da cidade. FLIF seria um bom nome: Festa Literária Internacional de Fortaleza. Temos o nome, temos a bela cidade, os exemplos de sucesso. Que aconteça, em breve. E que possa ser um presente para Fortaleza, assim como foi o LER – Salão Carioca do Livro.


 

Foto do Socorro Acioli

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?