Sinto-me muito à vontade de escrever sobre Rogério Ceni. Até porque, perdido o Estadual, muita gente entendia que o Fortaleza devia mudar de técnico e eu insistia em como seria benéfico para o clube e para o futebol cearense a sua presença no comando técnico da equipe.

 

A previsão acabou se confirmando e o fato de o Fortaleza se tornar campeão brasileiro com uma diferença de quase dez pontos para o segundo colocado revela uma campanha irretocável numa competição onde as equipes se equiparam e que se arrasta por quase todo o ano.

 

Um fator me pareceu o mais importante. A proposição de atacar. Jogasse onde fosse, dentro ou fora de casa, os tricolores sempre mantiveram postura ofensiva. Partiam para cima com uma combinação de marcação alta e baixa e quando retomavam a bola atacavam ou mantinham o jogo sob controle.

 

A fixação de Felipe no meio campo como primeiro volante e principal responsável pela saída de bola, no lugar do guerreiro Derley, atesta a proposta ofensiva do time. Um jogador criativo escalado no lugar de um que se destaca por ser um excelente marcador torna o futebol alegre.

 

A saída de bola, de pé em pé do goleiro e dos zagueiros Jussani e Ligger, às vezes era errada e provocava arrepios, mas no jogo seguinte era repetida até começar a sair certo. Pensava com meus botões. Caramba! Nenhum chutão para a frente. A proposta é ter a posse da bola!

 

Essa proposta, perseguida incansavelmente pelo técnico, foi reconhecida por todos e encantou os torcedores tricolores e os amantes do futebol, que estão cansados de ver a maioria dos times se fecharem e ficarem esperando um vacilo do adversário para jogar por uma bola e tentar a vitória.

 

Por outro lado o jogo não é só ataque e quando não se tem a posse da bola é preciso retomá-la. E, numa manobra coletiva, todos voltavam para marcar, mas tinha um deles que era a principal referência dessa recomposição, e aí, meu caro torcedor, é preciso tirar o chapéu para o meia Marlon.

 

Não tenho dúvidas que essa mentalidade vencedora do Rogério Ceni encontrou nos tricolores um lugar certo para frutificar. Conselho, diretoria, presidente, comissão técnica e jogadores estão de parabéns. Seria ótimo que seu técnico passasse outra temporada entre nós. Temos coisas a aprender.