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Lisca Doido é Ceará
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Lisca Doido é Ceará

esportes

Nesses anos de futebol convivi com muitos técnicos. O primeiro deles foi Telê Santana. Tinha 11 anos quando ele me convidou para jogar no Fluminense de Braz de Pina. Dono de uma sorveteria, no final de cada jogo dava um sorvete para cada um. Não podia repetir.

 

Zagallo, em 1974, solicitou ao Ceará o meu empréstimo. Estreei no campeonato carioca contra o Bonsucesso. Entrei no segundo tempo com a camisa 13, o número preferido de Zagallo, e vencemos o jogo. No treino seguinte me machuquei e passei cinco meses em tratamento. Zagallo era supersticioso.

 

Em 1982, a diretoria do Ceará me convidou para ser técnico depois de uma experiência bem sucedida nos juvenis. Perdi duas partidas seguidas e fui demitido. Segundo Halmalo Silva, chefe de equipe da Ceará Rádio Clube, eu era de circo, mas não sabia andar no arame.

 

Lula Pereira, quando jogador, tinha boa leitura do jogo e liderança sobre os demais. Estudou, viajou pela Europa, formou-se técnico, se destacou, e, fez sucesso em alguns clubes por conta de sua competência e seriedade. Foi tragado pelo preconceito racial: Lula é negro.

 

Embora de temperamentos distintos, Telê tímido e discreto; Zagalo expansivo e falador, tinham coisas em comum. O desenho tático de suas equipes era a principal. Gostavam do 4-3-3. Telê fazia o terceiro homem pela ponta direita e Zagallo pela ponta esquerda.

 

Pelo fato de serem campeões do mundo, Telê, já falecido, e Zagallo, aposentado, sempre tiveram as portas dos clubes abertas, mas, pelo outro lado eu, que me decepcionei na primeira experiência profissional, e o Lula, que no momento é comentarista, sentimos essa instabilidade do futebol brasileiro.

 

Instabilidade essa que já demitiu mais de 20 técnicos na Série A. E aí, caro leitor, tiro o chapéu para o técnico do Ceará. Taí! Um sujeito que é de circo e sabe andar no arame. Retirou no momento o Ceará da Z-4 e após cada vitória junta todos seus atores e vai festejar com os torcedores.

 

Silêncio! É um instante raro do futebol. O técnico Lisca vira regente sinalizando com as mãos como se fosse a batuta de um maestro orientando a opera cantada por milhares de torcedores alvinegros: "Saiu do hospício/ tem que respeitar/ Lisca doido é do Ceará".

Foto do Sérgio Redes

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