Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC, é especialista nas áreas de História da Arquitetura e do Urbanismo, Teoria de Arquitetura e Urbanismo, Projeto de Arquitetura e Urbanismo e Patrimônio Cultural Edificado. Escreve para o Vida & Arte desde 2012.
E a semana que passou foi marcada por uma característica que mais e mais define as sociedades em todo o mundo: a intolerância. Detentora de vários sinônimos que vão da ausência completa de complacência à repressão face ao que é diferente, a danada se estende, como um odiento lençol, da política à religião, cobrindo as relações de gênero e demais aspectos de uma cultura cada vez mais global e cosmopolita. Demarcar rigidamente seu próprio espaço e reprimir quem se atrever a penetrá-lo é a norma que rege a fragmentação do planeta, ampliando para muito além a visão sartreana de que o inferno são os outros. Territórios cercados, portas fechadas, semblantes carrancudos, faróis desligados e capacetes retirados. Estamos interligados e distantes, fina ironia...
Depois da briga ridícula com seu congênere asiático, o koala coreano do norte, por causa de uns botões, na base de que “o meu é maior e mais potente do que o seu”, o presidente babaca da nação mais poderosa da Terra, ao assistir as duas Coréias conversando e se entendendo numa boa, resolveu criar mais um factóide. “Por que só vem para cá gente desses países de merda?”, rugiu o panacão, desancando os imigrantes do Haiti, El Salvador e de alguns países árabes. A arenga foi repudiada até pela Noruega, nação considerada “civilized” pelo abestado. É bom lembrá-lo que Osama Bin-Laden nasceu em um desses locais considerados “shit” por ele. Quem também se enquadra nesta categoria são os negros norte-americanos, trazidos à força aos EUA para servir e divertir.
Como se isso não fora bastante, estourou qual uma bomba, no meio feminista, a pendenga Oprah Winfrey x Catherine Deneuve. A primeira, vestida em negro num tom j’accuse, desancou os praticantes de abusos sexuais em Hollywood, aproveitando para também lançar, sutilmente, sua candidatura a presidente na cerimônia do Globo de Ouro. No outro lado do Atlântico, a eterna Belle de Jour, num manifesto assinado por várias intelectuais, manteve o tom duro contra as agressões masculinas, mas defendeu o chamego entre homem e mulher. Por aqui, a coisa ferveu e ainda ferve. Até a Danuza Leão meteu a sua enrugada colher no assunto. Eu, por mim, fico com a Leila Diniz: “Cafuné na cabeça eu quero até de macaco, malandro”. Afinal, galanteio não é atentado, ao contrário.
Aliás, a musa da liberação feminina no Brasil, pitando seu cigarrinho celestial e de biquíni na Praia de Alfa Centauro, deve estar dando sonoras gargalhadas dessa besteirada toda. E teve mais, muito mais. Teve o Marcelo Freixo pedindo respeito ao comportamento de certa esquerda Cabo Anselmo em 2013. Teve o surgimento de blocos de Pré-Carnaval no seio de blocos de Pré-Carnaval, em rachas mominos cult-bacaninhas. Teve a proposta da Prefeitura de transformar a Loura numa cidade competitiva e, para tanto, facilitadora de negócios, o que poderá gerar um forte processo de gentrificação urbana. Isso sem que se fale da habitual canalhice da política nacional, de olho no dia 24. Enquanto isso, o cadáver insepulto de Stephani continua na garupa da moto do seu assassino...
Por Romeu Duarte
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