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This is Fortaleza
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Ricardo Moura é jornalista, doutor em Sociologia e pesquisador do Laboratório da Violência da Universidade Federal do Ceará (LEV/UFC)

This is Fortaleza

Rômulo Silva é jornalista, educador e pesquisador de mão cheia. No sábado passado, teve artigo publicado pelo O POVO no qual abordava as resistências culturais juvenis. Nada disso impediu que ele fosse humilhado ontem durante uma abordagem realizada pela Guarda Municipal de Fortaleza, em pleno Terminal do Siqueira, pelo simples fato de ser negro. Suspeito, sempre suspeito por causa de sua cor de pele e pelo modo como se veste. Pelo simples fato de ser negro.
 
Ainda que Rômulo não tivesse nenhuma dessas credenciais, ainda que não tivesse instrução, ele, como cidadão morador desta cidade, não pode ser alvo de discriminação racial por parte dos agentes públicos. Fortaleza, uma cidade que na propaganda surge tão hospitaleira, parece ter um prazer mórbido em espezinhar seus habitantes. Que bom seria se os nossos moradores gozassem do mesmo tratamento de quem vem passar somente alguns dias em nossa orla turística.
 
A Prefeitura de Fortaleza tem responsabilidade pelo caso e deve se retratar imediatamente. E os guardas municipais precisam passar por uma capacitação para aprenderem a lidar com as pessoas. Para não atuar com práticas racistas em seu cotidiano. Não se trata, porém, de um caso isolado. As denúncias de abusos e agressões contra jovens pobres e negros nos terminais vêm de muito tempo e são recorrentes.
 
Não se trata, ainda, de uma ação restrita à Guarda Municipal. O foco das torres de vigilância espalhadas pela cidade não é outro que um processo mais sofisticado de criminalização das juventudes. De que adianta um olho que tudo vê eivado de preconceito? De um modo enviesado, vai enxergar apenas ódio, temor e discriminação. Fortaleza é muito mais que isso. Basta estendermos o nosso olhar. E enxergar a todos como iguais. E enxergar a todos como pessoas portadoras de direitos.
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