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A relação está intensa

2017-12-22 01:30:00
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Pode ser que a relação entre Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) não termine em aliança eleitoral. Mas, olha, eu nunca vi tanta paquera não desaguar em namoro. Desconheço que, um ano antes da eleição, dois políticos tenham mantido esse tanto de chamego para não estarem juntos nas urnas.

Na semana passada, lado a lado, o governador Camilo Santana (PT) e o senador Eunício Oliveira (PMDB) negociaram a liberação de recursos para o Hospital Regional do Sertão Central, em Quixeramobim. E fizeram questão de divulgar foto no Ministério da Saúde.

Na quarta-feira, lá estava de novo a indefectível dupla, em Canindé, para entregar casas. No começo do mês, também já haviam estado juntos. Tem sido mais comum ver Camilo com Eunício do que com Cid Gomes, Ciro Gomes ou Roberto Cláudio, por exemplo.
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A parceria tem rendido muito administrativamente. Camilo, portanto, tem o que comemorar. Mas, o leitor desta coluna, por precoce que seja, não nasceu ontem e não há de acreditar que toda essa articulação institucional não tem no horizonte interesse político bastante concreto.

Esse tipo de construção não é inédito para Camilo e pode ser encontrado em passado bem recente.

 

2016 AJUDA A PROJETAR 2018


Lembra como foi o envolvimento do governador na eleição da Capital, no ano passado? O PT, partido de Camilo, tinha Luizianne Lins como candidata. O grupo Ferreira Gomes, ao qual o chefe do Executivo deve fidelidade, concorria com Roberto Cláudio (PDT). Camilo defendeu abertamente o apoio à reeleição do prefeito, mas os petistas nem ligaram.


Camilo nunca dizia nada, mas intensificou agendas ao lado do prefeito. Sem declaração formal, ficou evidente que seu candidato era Roberto Cláudio. A aliança se evidenciou mais nos gestos que nas palavras. No primeiro turno, para não afrontar o partido, Camilo não se envolveu em atos de campanha. Logo que começou o segundo turno, o governador mergulhou na campanha.

Mais que encontros e atos públicos, Camilo e Eunício têm mantido agenda de trabalho que é absolutamente estratégica para a gestão.

Tem impacto na vida das pessoas, influencia os resultados de governo. Aquilo que Camilo mostrará em campanha.

Claro que há diferenças evidentes. A maior delas: a aliança de Camilo com Roberto Cláudio era a afinidade natural, o caminho óbvio. Com Eunício é a reviravolta, a surpresa. A aproximação dos antagônicos. Isso pode fazer toda diferença.


IRONIA


No caso da articulação entre Eunício e Camilo para levar dinheiro ao Hospital Regional do Sertão Central, há profunda ironia envolvida. O hospital em questão foi a última obra inaugurada por Cid Gomes (PDT) como governador, em dezembro de 2014. Só dois anos depois, começou a funcionar, de forma bem meia boca. Funcionamento pleno estava previsto para maio deste ano. Até hoje não aconteceu e talvez não ocorra até o fim do ano que vem, porque o dinheiro anunciado não é o bastante. Ainda assim, é emblemático ver Eunício, ao lado de Camilo, articulando recursos para a obra que Cid inaugurou, sem dar condições para funcionar.


O DESAFIO WAGNER


Pesquisa divulgada esta semana, realizada pelo Instituto Paraná, mostrou que a vida de Eunício pode ser complicada em 2018. Pelos números, em disputa pelo Senado na qual estivessem envolvidos Cid Gomes (PDT) e Capitão Wagner (PR), o peemedebista ficaria em terceiro, conforme os
números do instituto.

Na semana passada, a coluna comentou os números do Instituto de Pesquisas e Estratégias (IPE), contratados pelo PMDB. Mostravam Cid e Eunício folgados. Mas, Wagner não estavam nas simulações.

Na mesma semana, O POVO mostrou que mesmo a base aliada acreditava que, com o capitão na disputa, a situação peemedebista fica ameaçada (leia neste link: https://bit.ly/wagnereunicio).

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