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Temer fortalece Maia, que bate no governo

2017-11-21 01:30:00
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O governo Michel Temer (PMDB) estão tão fraco, mas tão fraco, que fortalece o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), ao mesmo tempo em que ouve impropérios do aliado.


O primeiro movimento da reforma ministerial é um agrado a Maia. O deputado federal Alexandre Baldy (GO) irá para o lugar de Bruno Araújo (PSDB) no Ministério das Cidades. Para isso, trocará o Podemos pelo PP. Além disso, Temer autorizou Maia a fazer o rateio de cargos, em troca de votos pela reforma da Previdência.


Nesse contexto, Maia deve estar bem satisfeito com Temer, não é? Pois, olha só o que ele disse ontem sobre a mudança que o presidente realizou na reforma trabalhista por medida provisória:


“Pensando que um ditador é assim. Ditador faz aquilo que pensa, certo ou errado, sozinho. A MP é isso durante quatro meses. Por isso o que eu acho no futuro tem que acabar com a medida provisória porque ela não ajuda a democracia brasileira”.

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O presidente está nas mãos de Maia, faz gestos em direção a ele, mas o presidente da Câmara tripudia. Vai ajudar na reforma da Previdência, mas só porque é seu interesse.


CAMINHO PARA A REFORMA

Os cálculos mais otimistas do governo apontam que faltam uns 90 votos para aprovar a reforma da Previdência na Câmara. A cada dia que passa, as eleições ficam mais próximas e a aprovação, mais distante.

A articulação tem sido intensa. Amanhã, o presidente recebe prefeitos, encontra-se com governadores, janta com parlamentares. A intenção é começar a votar a proposta de emenda constitucional (PEC) em duas semanas. No cenário de hoje, não vai dar. O governo, todavia, opera para mudar esse quadro. Maia é a peça central nesse jogo.


XADREZ MINISTERIAL

A reforma ministerial começa com a mudança no Ministério das Cidades, mas há impasse em outras posições. A substituição de Antonio Imbassahy (PSDB) na Secretaria de Governo é motivo de controvérsia com o próprio PMDB de Temer.

A reforma seria muito grande, ficou menor. Agora, deve ficar para dezembro.


O governo foi arquitetado em cima de interesses e conciliar ao menos a maioria deles não está fácil.


TÃO GRANDÕES, TÃO BESTÕES

O grande debate político do fim de semana em Fortaleza foi:

a) Um grupo coloca um boneco gigante de Jair Bolsonaro (PSC-RJ) na Praça Portugal.


b) Grupo adversário marca evento para furar o boneco.


INTERROGAÇÃO SOBRE O NOVO COMANDO DA PF

Michel Temer (PMDB) tem prerrogativa institucional, como presidente, de trocar o comando da Polícia Federal. Contudo, as circunstâncias e a forma como isso é feito tornam a mudança questionável, suspeita até. Fernando Segóvia tem relações com políticos, inclusive investigados pela PF. Teve respaldo político para chegar à função, inclusive de gente alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Caso de Eliseu Padilha (PMDB). Ele era, a propósito, o preferido do meio político.

Quando tentam interferir no comando da PF, é porque os políticos estão interessados nas investigações. Ou para atrapalhar alguém ou para proteger a si próprio. Temer já colocou alguém de sua confiança - Raquel Dodge - na Procuradoria Geral da República. Faz o mesmo agora com a PF.


Em tese, é natural que assim seja. O que não é natural é que o presidente e grande parte de seus aliados mais próximos estejam sobre investigações da PF. O problema não é a troca do comando da corporação. É a situação em que está o governo e alguns de seus principais quadros.

Érico Firmo

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