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Meio ambiente no Ceará e dois escândalos em uma década

2017-11-22 01:30:00
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Desde a década passada, investigações de esquemas de corrupção revelam que não há nada que esteja livre da ganância dos criminosos do patrimônio público. Não há nada que não sejam capazes de corromper. Merenda escolar, banheiros para quem não tem onde fazer as necessidades, meio ambiente, qualquer coisa pode ser transformada em moeda. O esquema sob investigação na Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) envolveria omissão de informações em laudos, com objetivo de permitir a degradação de patrimônio ecológico que a lei manda preservar.


A desconfiança não é nova, longe disso. Polêmicas em torno de licenças ambientais vêm de longuíssima data. Muitas vezes, envolvem idas e vindas na Justiça. Áreas verdes, zonas costeiras, regiões de serra são recorrentemente alvo de disputa. São valorizadas justamente em função do patrimônio ecológico que guardam. Mas, os idiotas do agora não entendem. Os mercadores da destruição vendem qualquer coisa em troca de uma ponta. Quando dinheiro e meio ambiente entram em rota de colisão, o segundo costuma levar a pior. O motivo nem sempre se restringe a diferentes visões de desenvolvimento e preservação.

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Em menos de uma década, é a segunda vez que autoridades da área ambiental do Ceará são denunciadas por corrupção. Em 2008, gestores das esferas federal, estadual e municipal em Fortaleza foram presos pela Polícia Federal, na Operação Marambaia. A acusação era de liberação irregular de construções em áreas de preservação. Em 2014, 11 dos acusados foram condenados pela Justiça Federal.


Ontem, quatro servidores da Semace foram presos. O superintendente e uma servidora, além dos quatro presos, foram afastados.


PELA PRIMEIRA VEZ EM MAIS DE UMA DÉCADA, SÓ HOMENS GOVERNAM AS AMÉRICAS

Com dois homens na disputa pela presidência do Chile, pela primeira vez em mais de uma década não haverá nenhuma chefe de governo mulher em todas as três Américas. Michelle Bachelet deixará o cargo e terá um homem como substituto.


Mais de 50% da população das Américas é composta por mulheres. Como é possível, estatisticamente, que nenhum dos 35 Estados soberanos seja governado por uma mulher? Um sequer! A participação do segmento ao qual corresponde a maior parte da população na região que abrange três continentes se torna igual a: zero. Nenhuma representante do segmento populacional que corresponde a mais de 300 milhões de pessoas.

 

Não é possível explicar essa realidade sem compreender que a estrutura de poder é construída em torno do homem. O machismo é sistêmico. O papel relegado à mulher é marginal. Alguém consegue imaginar que nas próximas eleições, por exemplo, haja hipótese de os 35 chefes de governo serem mulheres?


Estatisticamente, não há hipótese de 100% das chefias de governo de um continente recaírem sobre segmento que é minoria da população. Então, como explicar? A construção é histórica. Tomemos o caso brasileiro.


Há notícia de eleições no Brasil há pelo menos 485 anos. O registro mais antigo conhecido é de 1532, na escolha do Conselho Municipal da Vila de São Vicente (SP). Demorou 400 anos até que as mulheres, em 1932, tivessem direito a voto. Faz 85 anos. Em quase meio milênio de história eleitoral, ainda há remanescentes vivos e lúcidos do tempo em que mulher não podia votar.


Coisa de país atrasado, não é? Pois, nos Estados Unidos, berço da democracia moderna, o direito a voto das mulheres em todo o território nacional só foi ratificado em 1920, com a 19ª emenda. Eleições existem no mundo há pelo menos 2,5 mil anos, mas a primeira vez em que mulheres puderam votar foi há 124 anos na Nova Zelândia. A primeira experiência de voto das mulheres no mundo é mais recente até que a tardia abolição do regime escravista no Brasil. Não é acaso que haja tão poucas mulheres em cargos de poder. é uma construção de milênios.


 

Érico Firmo

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