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O extremo muro

2017-10-07 01:30:00
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A relatoria da segunda denúncia contra Michel Temer (PMDB) é a mais perfeita tradução do que se tornou o PSDB. Uma vez com a prerrogativa de apresentar o relatório, o partido pode orientar posicionamento de acatar ou rejeitar a denúncia. Porém, a posição tem sido de não se posicionar nem contra nem a favor de Temer, muito pelo contrário. A legenda está rachada e foge como diabo da cruz da necessidade de assumir lado nessa questão. O imperativo de seguir no muro faz o partido ferver.


Ocorre que o PSDB já tem lado. Está na base do governo e tem muitos ministérios importantes. Porém, parcela significativa da legenda quer deixar o arco de aliança do Palácio do Planalto. Quer, mas o partido não saiu. Então, qual a dificuldade em apresentar relatório contra o afastamento de um presidente de cujo governo a sigla participa e não arreda o pé? O partido está no governo, mas não quer se comprometer com o governismo. Malabarismo difícil.

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Millôr Fernandes já dizia: “Sou contra a extrema-direita, contra a extrema-esquerda e, sobretudo, contra o extremo centro”. Essa última categoria é a melhor forma de definir o PSDB de hoje.


O VOTO NAS REGIÕES


Divulgada na semana passada, a pesquisa Datafolha mostrou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com percentuais entre 35% e 36%, conforme o cenário. Marina Silva (Rede) varia de 13% a 23% e Jair Bolsonaro (PSC), de 15% a 19%, conforme o cenário. As opções do PSDB, seja João Dória ou Geraldo Alckmin, têm entre 6% e 10%. Ciro Gomes (PDT) fica entre 4% e 10%. Porém, a realidade do Brasil não é uniforme. No recorte regional dos números, a realidade varia bastante.


No Nordeste, o percentual de Lula cresce em torno de 20 pontos percentuais em relação à média nacional. Ele tem de 56% a 57%. No Sudeste, Sul e Centro-Oeste, ele não chega a 30%. No Norte, fica com percentual próximo à média geral.


Isso mostra, sobretudo, o peso que Lula terá nas eleições estaduais no Nordeste. Isso mesmo que não venha a ser candidato. É um peso muito maior que o medido nas pesquisas.


Os números também mostram sua fragilidade no Centro-Sul. No Centro-Oeste, ele chega a ter 25%, contra 23% de Bolsonaro, em empate técnico. Marina Silva tem seus melhores percentuais no Nordeste, mas simulações nas quais Lula não é candidato. Quando o petista concorre, o resultado dela entre os nordestinos é o pior entre todas as regiões. O que mostra a pré-candidata da Rede Sustentabilidade como beneficiária da possível saída de Lula da disputa.


Ciro Gomes tem seus piores resultados no Sul e os melhores no Nordeste. A diferença chega a ser de 4% em uma e 14% na outra.


TRAPALHADA


Há muito tempo não via movimentação política tão desastrada quanto a tentativa frustrada de encurtar o mandato na Federação das Indústrias do Ceará (Fiec).


O meio ferve. A influência sempre existe, mas a sucessão de 2018 no Ceará caminha para sofrer ainda maior efeito das articulações empresariais.

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MEMÓRIAS E PROJEÇÕES


A Constituição de 1988 completou 29 anos na última quinta-feira. Fiquei a me perguntar o que pensaria Ulysses Guimarães, responsável maior pela configuração que a Carta acabou tendo, ao ver o que se tornou o seu PMDB.

Érico Firmo

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