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A oposição sem a candidatura de Tasso

2017-10-31 01:30:00
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Ao descartar ser candidato a um quarto mandato de governador, Tasso Jereissati (PSDB) fecha os caminhos para a sucessão de 2018 no Ceará. “Não, não existe essa possibilidade, não”, afirmou ao jornalista Luiz Viana, ontem, em entrevista à rádio O POVO/CBN. Com isso, ele deixa, na verdade, a oposição praticamente sem opções.


O FUTURO DE EUNÍCIO

Haveria Eunício Oliveira (PMDB). Ocorre que o presidente do Senado está mais interessado em renovar seu mandato. As bases no Interior estão menos articuladas que em 2014 - quando ele foi derrotado. O peemedebista tem dialogado com o governador Camilo Santana (PT) e cogita estar na aliança governista. Aliás, pelo rumo que a oposição toma, caso Eunício não chegue a acordo com o Palácio da Abolição, não são desprezíveis as chances de o homem que comanda o Congresso Nacional não ser reeleito. De modo que a primeira consequência da decisão de Tasso é deixar Eunício mais perto do governo estadual.

 

O CAMINHO DE WAGNER

Outra opção é Capitão Wagner (PR). Candidato derrotado a prefeito da Capital há um ano, ele talvez seja o opositor com bases políticas mais consolidadas atualmente. Mostrou disposição de ser candidato a vice-governador ou mesmo ao Senado. Mas, dificilmente iria se aventurar como cabeça de uma chapa, em posição que os dois nomes com mais trajetória na política recusam. Significaria colocar o mandato de deputado em risco. O que hoje soa mais provável é que ele concorra a deputado federal.

O ESPAÇO À ESQUERDA

Em outro polo da oposição, há o Psol, que lançou Ailton Lopes como pré-candidato no domingo. Em 2014, ele já teve participação interessante na disputa. Para vereador em Fortaleza no ano passado, foi o quinto mais votado e só não entrou porque o partido não teve o mínimo de votos necessários para obter uma cadeira. Desempenho impressionante, mas, convenhamos, não parece muito provável que um candidato a vereador não-eleito vença disputa para o Governo do Estado dois anos depois. Pelo tamanho, tempo de televisão e falta de recursos, dificilmente o Psol teria chances reais de vitória.

A BUSCA DA NOVIDADE

De todo modo, Ailton não irá se aliar a PSDB, PR e PMDB. Assim, persiste o problema de arranjar candidato para esse lado mais à direita da oposição estadual. Pode ser uma novidade. Faça-se em Geraldo Luciano. Nome respeitado no meio empresarial, diversas vezes convidado, diversas vezes negou convites para posições de destaque em vários governos. Tem boas relações com Camilo Santana. Poderia até concorrer. Seria alternativa bastante adequada para representar esse espectro político.

Porém, dificilmente seria viável. Imagina Geraldo Luciano chegando para pedir voto em Arneiroz ou Irauçuba. Desconhecido da maioria da população, sem história na política, sem apoio do Governo do Estado e, além do mais, como candidato contra a base de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não seria muito promissor. Seria uma aposta para o futuro. Em muitos momentos, é o máximo que os partidos podem almejar.

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PROBLEMA NACIONAL

Uma das maiores dificuldades decorrentes da falta de opções para a oposição está no cenário nacional. O PSDB terá candidato a presidente - provavelmente Geraldo Alckmin. Tasso está hoje na presidência nacional. Pode ser que permaneça no ano que vem. Será desmoralizante se não arrumar um palanque forte em seu estado para o partido que comanda no País.

O PMDB pode apoiar o PSDB ou pode seguir outro caminho. De qualquer maneira, o partido também fica sem palanque no Ceará.


Na base governista local, o problema é inverso. Há um palanque estadual — de Camilo — para dois candidatos a presidente. No caso, Lula e Ciro Gomes (PDT).


Esse tipo de arranjo não costuma dar certo. Funcionou mais ou menos em 1998, quando Tasso concorreu à reeleição para governador com apoio de dois candidatos a presidente: Fernando Henrique Cardoso (PDSB) e Ciro. Porém, naquele ano, Tasso fez campanha para FHC. Não houve ambiguidade. Ciro tentava se colocar no cenário nacional e sabia que era coadjuvante.


Desta vez, o candidato do bloco governista local é Ciro Gomes. Todavia, Lula é forte cabo eleitoral - se conseguir concorrer. Algum deles aceitará ficar como coadjuvante na aliança governista?

Érico Firmo

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