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Altos e baixos

2017-02-16 01:30:00
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Pesquisa a um ano e nove meses da eleição serve muito pouco como prognóstico da eleição, mas ao menos aponta os humores da população em relação ao meio político. A pesquisa MDA, contratada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), mostra dois personagens, sozinhos, ganhando força enquanto o meio político quase inteiro derrete.

 

Aécio Neves (PSDB) passou muito perto de derrotar Dilma Rousseff (PT) em 2014. Hoje, todavia, está em queda livre. Na disputa interna tucana, fica tecnicamente empatado com o paulista Geraldo Alckmin.


Mesma tendência segue Marina Silva (Rede), outra das opções remanescentes de 2014. O caso da pré-candidata da Rede Sustentabilidade é impressionante. Das raras personagens políticas sem implicações na Lava Jato, ela está sumida do noticiário, longe do efervescente debate político. Consequência óbvia, suas intenções de voto também minguaram.


Candidato do governador cearense Camilo Santana (PT), Ciro Gomes (PDT) é outro que cai na pesquisa, apesar de buscar ocupar espaços na mídia, em postura diferente da adotada por Marina.


Os três — Aécio, Marina e Ciro — já foram candidatos a presidente. Os dois primeiros, que estiveram na última disputa, ficam pouco acima dos 10%. Ciro, candidato pela última vez há 15 anos, tem a metade disso.


FENÔMENOS ANTAGÔNICOS

Os candidatos que ganham força na pesquisa representam polos ideológicos radicalmente antagônicos. De diferentes dimensões e cada um em seu contexto, impressionam.


É incrível que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cresça tanto, em qualquer cenário.

Sairia vencedor em qualquer simulação. Diante do bombardeio e das denúncias de que tem sido alvo, permanece como personagem mais popular e de maior capital político do País. Embora seja possível encontrar explicações para sua resistência - das quais trato amanhã.


Jair Bolsonaro (PSC) também impressiona. Não chega nem perto de Lula, mas cresce de forma vertiginosa. Suas intenções de voto chegam a dobrar em alguns cenários. Antes, ele estava colado com Ciro Gomes. Hoje, está no bolo com Marina e Aécio. E, vale lembrar, pesquisa a essa altura mede sobretudo o recall.

E Bolsonaro está numa briga cercado de ex-candidatos a presidente.

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Nas intenções de voto espontânea, que mede justamente esse recall, o desempenho é ainda mais incrível. Ele se isola em segundo lugar, atrás apenas de Lula e bem à frente dos demais. Inacreditável, e preocupante, que alguém de discurso tão intolerante e desrespeitoso com os segmentos mais diversos tenha tanta adesão.


Se os humores da política já estão do jeito como estão, imaginem o nível de acirramento de uma eleição polarizada entre Lula e Bolsonaro. Oremos.


COMANDO CEARENSE NO SENADO LIBERA VAQUEJADAS

Num dos primeiros atos do Senado sob comando cearense, foi aprovada mudança na Constituição para permitir a realização de vaquejadas. A prática havia sido considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no ano passado. A proposta de emenda à Constituição (PEC) foi colocada em pauta na terça-feira passada pelo senador Eunício Oliveira (PMDB), presidente do Senado.


A Casa tem senadores do Ceará em algumas das funções mais importantes. O “gerente” é o 1º secretário José Pimentel (PT). Terceiro senador cearense, Tasso Jereissati (PSDB) deverá ser presidente da poderosa Comissão de Assuntos Econômicos, pela qual passa toda a pauta econômica de ajuste fiscal e também as autorizações para financiamentos para estados e prefeituras.


Durante a votação de terça-feira, Tasso defendeu a vaquejada como “parte das raízes mais profundas da formação da cultura nordestina”.


PAUTA DOMÉSTICA

Na presidência do Congresso Nacional e com responsabilidade sobre pauta crucial para o governo Michel Temer (PMDB), Eunício não descuida da política local. Nem da família. No mesmo dia da votação da PEC que autoriza as vaquejadas, ele abriu espaço na agenda para receber o prefeito de Lavras da Mangabeira (CE), seu sobrinho Ildsser Alencar (PMDB). Estava acompanhado de outro sobrinho de Eunício, o deputado estadual Danniel Oliveira (PMDB), presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Vaquejada na Assembleia Legislativa cearense.

Adriano Nogueira

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