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O Pré-Carnaval e a ocupação do Centro

2017-01-24 01:30:00
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Érico Firmo

Jornalista, editor-executivo do núcleo de Cotidiano do O POVO

O Pré-Carnaval deste ano terá importante mudança em uma de suas mais emblemáticas atrações. O bloco Luxo da Aldeia, responsável por popularizar entre toda uma jovem geração algumas das melhores expressões da música cearense, terá novo endereço. O bloco sairá do Mercado dos Pinhões e passará a se apresentar na Praça do Ferreira. É mudança com implicações muito mais que carnavalescas. Tem impacto na dinâmica na Cidade. Começa a consolidar mais um polo no Pré-Carnaval, no Centro da Cidade.


O Luxo da Aldeia nasceu na Gentilândia. Com o rápido crescimento, o impacto da multidão se tornou grande demais para as pacatas ruas do bairro residencial. Isso aliado à mudança de linhas de ônibus devido a obras que ocorriam na região forçou a mudança. Muita gente lamentou a saída do Luxo de lá. Mas, a Padre Francisco Pinto não comportaria por muito tempo a demanda crescente e a busca por mais espaço do bloco. Então, em 2015, mudou-se para o Mercado dos Pinhões. Outro local repleto de simbolismo. Foi marco da retomada do Pré-Carnaval, no começo da década passada, quando o Concentra Mas Não Sai se tornou fenômeno que impulsionou surgimento de outros blocos.

 

Logo o Mercados dos Pinhões não comportou mais o Concentra, e o bloco se mudou para a Praça do Ferreira, aos sábados. Agora, o Luxo segue o mesmo caminho. A ida para o mercado foi busca de alternativa para a falta de espaço na Gentilândia. Contudo, o novo local tampouco comportou a dimensão que o bloco adquiriu. Continuará a sair às sextas-feiras, às 19 horas, no mesmo palco em que o Concentra se apresenta aos sábados. Aquilo que era a ocupação quase solitária de um bloco de Pré-Carnaval no coração do Centro agora se torna um pequeno polo. Reforçado, nas terças-feiras de Carnaval, com o bloco As Gata Pira.

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Nas noites de sábado na Praça, o Concentra arrasta multidões, incluindo enorme contingente de trabalhadores que saem dos comércios. É bloco cujo público tem perfil diferente da maioria dos outros pela Cidade. Está entre os blocos mais populares, em todos os sentidos. O Luxo deverá levar para lá muito de seu tradicional público, mas certamente será apresentado a outros setores. Tem tudo para ser experiência bem rica.

 

OS USOS DO CENTRO

O Centro foi o palco dos carnavais do passado. Em particular a Praça do Ferreira, na folia de pouco menos de um século atrás. Porém, com a gradual mudança de configuração da Cidade, o Centro foi se esvaziando como espaço de lazer. Isso é um problema urbano no espaço mais importante e mais frequentado da Capital.

Sintoma da degradação de um espaço pode ser visto no fato de ele ser ocupado só de dia ou só de noite. O Centro é pulsante durante o dia, com ruas lotadas e comércio movimentado mesmo em tempos de crise. À noite, a ocupação que permanece é residual. Exemplo oposto pode ser visto no Dragão do Mar e seu entorno, que tem fluxo intenso à noite, mas não tem nem de longe a mesma efervescência durante o dia. São ambos espaços referenciais e problemáticos. Ambos com potencial muito maior do que possuem.

 

O Carnaval e o Pré não irão transformar a Cidade, mas podem ser indutores de experiências urbanas, contribuir para ocupação que, embora esporádica, talvez aponte caminho para transformações duradouras. A possibilidade de vivenciar lugares pode despertar para possibilidades antes não pensadas. Na Praia de Iracema, o Pré-Carnaval já teve papel importante no atual processo de retomada. No Centro, algumas iniciativas já ocorrem para além do Carnaval - vide a programação do cineteatro São Luiz e as festas na Praça dos Leões. Injetam vida à noite do Centro. O Concentra, nos sábados de Pré-Carnaval, já cumpre esse papel há ainda mais tempo - e melhor ainda seria se saísse também no Carnaval. Com o Luxo da Aldeia no Centro, há mais uma contribuição nesse sentido.


LUXO NO CARNAVAL

No Carnaval, contudo, o Luxo da Aldeia permanecerá no Mercados dos Pinhões. Manterá nas já tradicionais tardes de sábado e segunda-feira.

A VENDA DA COELCE

Maia Júnior (PSDB) é o novo gerente do governo Camilo Santana (PT) e foi um dos principais gestores dos governos Tasso Jereissati (PSDB) e Lúcio Alcântara (PR). A autocrítica que ele fez na entrevista publicada ontem pelo O POVO é importante. A crítica sempre foi feita por gente que está fora, mas pela primeira vez é reconhecida por quem estava dentro.

 

Ele aponta que houve erro de avaliação. Que o valor acabou sendo baixo para o que o Estado necessitava. A intenção era cobrir o déficit da Previdência e o valor não era suficiente para um ano sequer. Ou seja, o Estado se desfez de sua principal empresa e o dinheiro que entrou praticamente não fez diferença alguma.

 

Adriano Nogueira

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