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Os resquícios da velha base americana no Pici
Foto de Pedro Salgueiro
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Escreveu livros de literatura fantástica e de contos, como

Os resquícios da velha base americana no Pici


Dando-se um passeio sem pressa pelo Bairro Pici, pedindo informações aqui e ali, preferencialmente tendo, num rascunho, anotados algumas pistas e endereços fornecidos por pesquisadores (Salve, São Nirez!), livros e notícias de jornais, conseguimos encontrar diversos “resquícios” da passagem dos norte-americanos por Fortaleza durante a Segunda Guerra Mundial.


Na comunidade antiga do Pici (hoje retalhada em diversos bairros: Jóquei Clube, Henrique Jorge etc. etc.), nos fundões da Universidade Federal do Ceará (próximos aos campos de futebol onde estudantes universitários ainda hoje praticam esporte), encontraremos vários trechos de asfalto da antiga pista da Base Aérea Americana do Pici; chega-se mesmo a confundir o asfalto grosso da época com o atual, em ruas maltratadas, cheias de matos e com esgotos correndo a céu aberto. Também encontraremos sem dificuldades abrigos subterrâneos, que serviram de depósitos de armas e munições (eram camuflados com lonas verdes e arbustos, para não serem vistos por possíveis aviões inimigos), chamavam-se “casamatas” ou “bunker”; depois da guerra, foram abandonados e adaptados (muito embora se conservem quase como antes) por moradores da região como residências; hoje servem como salas e quartos de casas pobres para moradores. Dois grandes galpões continuaram a ser utilizados pela Universidade Federal do Ceará e pela Cagece; na época em que fiz a disciplina de Educação Física na UFC, os víamos facilmente dos campos de futebol; também no Campus do Pici avistaremos estranhos tanques utilizados para conservação (e lavagem) dos dirigíveis (blimps) americanos, continuam por lá, em frente a prédios de departamentos universitários.


Outra curiosidade relacionada à passagem norte-americana por Fortaleza foi a de que a base aérea do Pici começou (segundo informações contidas no livro História da Aviação no Ceará, de Augusto Oliveira e Ivanildo Lavor) a ser construída em julho de 1941, pela empresa cearense Campelo & Gentil, mas teve que ser inaugurada prematuramente em fevereiro de 1942, com 75% de sua extensão concluída, para, emergencialmente, receber o pouso de um avião norte-americano B-17, que se encontrava perdido de sua rota principal. Dizem que o sobrevoo da aeronave causou grande aflição na população de Fortaleza, que já vinha assustada com as notícias (mas principalmente os boatos) da guerra.

A conclusão definitiva da Base Aérea do Pici aconteceu em março de 1942, porém especialistas norte-americanos e brasileiros concluíram que houve erro no posicionamento da pista, dificultando (e até colocando em risco) pouso e decolagem de aeronaves maiores, sendo, portanto, necessário que procurassem outro local propício para construir uma nova pista, o que aconteceu no Cocorote (onde hoje é o Aeroporto Pinto Martins), mas - Pasmém! - antes os “gringos” tentaram, acreditem, construir a base aérea em plena Aldeota, descambando para a Praia de Iracema.


Fôssemos um país que preservasse nossa memória, todos esses resquícios da história recente (tristemente jogado na sarjeta) seriam conservados, para serem conhecidos por nossos jovens estudantes, turistas e curiosos.


Fôssemos um país que preservasse nossa memória, todos esses resquícios da história recente seriam conservados”

 

Foto do Pedro Salgueiro

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