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A Bola é para se divertir

2017-12-07 01:30:00
O LADO LÚDICO DO FUTEBOL

 

A bola, como o tempo, não para. Com o fim dos campeonatos nacionais e o início das férias aparecem jogos beneficentes patrocinados por empresas e organizados por um jogador, ex-jogador ou mesmo um artista. Jogador de futebol tira férias do clube e não da bola.


Sábado passado tivemos um evento desses no estádio Presidente Vargas. Os promotores e ex-jogadores Paulinho, Lira e Josué, para abrilhantar mais ainda a festa, convidaram o Éder, que foi ponta esquerda da extraordinária seleção brasileira de 1982 comandada pelo Telê.


Quando o assunto é esse, os comentaristas de resultados sempre interferem: o que adianta jogar bonito se não vence?! Não curto esse tipo de comentário. Quem viu a seleção brasileira de 1982 sabe do que estou escrevendo e quem não viu procure ver nos Youtubes da vida.


Guardiola, atual técnico do Manchester City, encantou o mundo com o Barcelona e dizia ter sido o melhor time que viu jogar. “Passados 45 anos ainda são lembrados”. É verdade!


Em se tratando de arte, números e estatísticas não ficam na memória de ninguém.


O segredo desse time? Zico, Júnior, Falcão, Luisinho, Éder, Sócrates, Leandro e cia. tratavam à bola como uma flor. E dava gosto vê-los jogar. A bola rolava de pé em pé e, de repente, um improviso vindo de qualquer um deles a surpreender e encantar os torcedores.


Nesse controle da bola, segundo o falecido mestre da crônica Armando Nogueira, reside a essência do futebol. E realça o parentesco da bola com o sol, com a lua e com os planetas e o sentido místico e lúdico das esferas, dos círculos, dos aros e das bolas.


É da natureza e por isso todos os povos do mundo jogam e têm a bola como referência. Inclusive nas relações afetivas a bola sempre foi utilizada por homens e mulheres num jogo de perde e ganha. Senão, como entender as expressões: pisou na bola, entrou com bola e tudo, e por aí vai.


A sistematização tática é inimiga do lúdico. Na festa de sábado no PV observei um volante que queria driblar a toda hora. No final perguntei o porquê. “Passei a vida marcando, agora quero me divertir”, e continuou rindo como se estivesse livre de um suplício.


Sérgio Redes

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