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O Técnico

2017-11-30 01:30:00

MARCELO CHAMUSCA, O ESTUDIOSO
 

Leio a entrevista do técnico Marcelo Chamusca nas Páginas Azuis do O POVO, publicada na última segunda-feira, 26. Em sua curta carreira de cinco anos,entra para a história do futebol brasileiro ao se tornar o primeiro treinador a conquistar o acesso em todas as divisões do Campeonato Brasileiro.
 

Inteligente e estudioso, o entrevistado aborda assuntos relacionados à gestão da sua carreira e também ao comando do Ceará. Causa boa impressão porque relata os fatos com espontaneidade e realça o espírito agregador presente nos dirigentes, atletas, torcida e comissão técnica.
 

No final da entrevista, o repórter André Almeida pergunta-lhe o quanto os fatores extras influenciam dentro do campo. Sua resposta é taxativa: 100%. E discorre sobre a importância da análise do desempenho, da fisiologia, da nutrição, da medicina, das estatísticas e da tecnologia.
 

Tem razão! Embora tenha cinquenta e um anos, Chamusca pertence a uma geração de novos técnicos estudiosos, que adoram conversar sobre sistematização tática e enquadrar na sua ótica todas as situações ocorridas em campo, inclusive as que são produto do acaso.
 

Segundo eles, não basta o talento dos jogadores. Um exemplo é o time alvinegro que ascendeu à Série A. Nem era tão talentoso, mas jogava um futebol coletivo, que predominava a marcação cerrada e a saída muito rápida dos jogadores para o contra-ataque.
 

Na entrevista não vi nenhuma referência à bola. Curioso! Já vi e ouvi comentaristas e técnicos pregarem a posse da bola não ser tão importante e citam inclusive dados estatísticos, que equipes com menos posse de bola venceram suas partidas.
 

São as novas características de um futebol que vem mudando, e junto com ele vão surgindo novas palavras: compactação= defesa, meio campo e ataque devem estar bem próximos; foco= concentrado no que faz; recomposição= perdeu a bola e voltar para marcar.
 

Sinto falta do drible. Chamusca não diz, mas também sente. Colocou o Lima no time e nunca mais o tirou porque ele sabe driblar. No país em que o técnico num dia é abençoado e no outro amaldiçoado, Chamusca copia Nelson Rodrigues e lasca: “Cego é quem só vê a bola”.

Sérgio Redes

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