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O contra-ataque

2017-07-27 01:30:00

ABRINDO MÃO DA POSSE DE BOLA


Jotinha Lacerda, comentarista da Rádio Assunção e do Com a Bola Toda da TVC, me sugere uma visita ao blog Toque di Letra. Entro no blog e minha atenção se volta para a postagem que aponta que times com menor posse de bola acumulam maior número de vitórias no Brasileirão.


O Footstats — sistema profissional de estatística que congrega técnicos, médicos, jornalistas, comentaristas e outros profissionais do futebol — informa: das 159 partidas realizadas até o domingo passado apenas 26% , ou seja, 42 equipes venceram com maior posse de bola.


Não sou muito chegado às estatísticas, mas compreendo a sua importância e os números revelam o momento do nosso futebol. Uma rápida olhada nos melhores times do mundo e veremos que o conceito da posse de bola impera. Barcelona e Real Madrid tratam a bola com delicadeza.


Na contramão da história, nós que já fomos os melhores do mundo estamos tratando a bola como se fosse algo desprezível, esquecendo mesmo do seu valor simbólico.


E pensar que Pelé recebia um cruzamento dentro da área e a acolhia carinhosamente no peito.


Estamos desaprendendo a jogar? Imagino que não, caro leitor! Do Oiapoque ao Chuí produzimos a melhor matéria-prima. Tão boa que a CBF publicou que até o dia 30 de agosto de 2016, um dia antes de fechar a janela, tínhamos transferidos 770 jogadores para o exterior.


Quem acaba com a qualidade do futebol é o calendário nacional proposto pela CBF. Jogando duas ou três vezes em oito dias nos campeonatos nacionais, disputando Copa do Brasil, Sul-Americana e Libertadores não tem ser humano que aguente. Isso sem falar nas viagens.


Nesta légua tirana, mesmo que uma ou duas equipes consigam se firmar como protagonistas, o elenco se desfaz no final da temporada.

Os clubes vivem de pires na mão, sempre interessados em dinheiro, e o sonho de todo jogador brasileiro é fazer o pé de meia no exterior.


Uma equipe que proponha o jogo demanda treinamento e jogadores talentosos. Sem tempo para isso, os técnicos se posicionam na defesa, balanceiam a marcação e esperam um erro do adversário para contra-atacar, vencer o jogo e aumentar o número de equipes que vencem com menor tempo de posse de bola.

Adriano Nogueira

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