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Tem improviso que dá certo

2017-06-15 01:30:00

QUALIDADE NA SAÍDA DE BOLA
Instado a emitir opinião no programa Com a Bola Toda da TVC sobre o empate do Fortaleza no domingo passado, atribui, entre outros fatores, à ausência de Rodrigo Mancha na zaga, dando a entender que a sua presença dá tranquilidade e favorece a saída da bola.
Tem gente que acha que um zagueiro não tem a menor importância na construção e criação de jogadas de uma equipe. 


Zagueiro, para eles, tem que ser alto, forte e excelente marcador. Do tipo que bate no peito quando afasta a bola da sua área de meta.
Essa cultura que vê no zagueiro um homem com H recomenda também que os jogadores de meio-campo se dividam em volantes (destruidores) e meias (criadores). Os meias devem ser criativos porque alimentam os atacantes e também penetram na área para a finalização.
 

Com essa cultura, por que então se preocupar com a saída de bola da defesa para o meio-campo? Porque assim jogam as grandes equipes. Na transição da bola entre a defesa e o meio-campo percebe-se que a bola, quando está no setor defensivo, é passada de pé em pé de goleiro/zagueiro/lateral até chegar ao meio-campo.
 

Às vezes, a bola não chega como deve porque um adversário interfere ou um jogador da defesa se sente ameaçado e dá um chutão para frente e aí seja o que Deus quiser, mas o objetivo é que a defesa troque passes e a bola chegue redondinha nos pés do meio-campo.
 

No futebol cearense, ninguém melhor do que Rodrigo Mancha para fazer esta transição. Volante de natureza e improvisado de zagueiro central, deu uma arrumada na saída de bola do Fortaleza. Seu técnico Bonamigo declarou à imprensa que ele já tinha jogado assim no Coritiba.


O bem que Rodrigo Mancha faz ao Fortaleza não é o de um zagueiro que desarma o adversário e dá um bombão para a frente. No momento que ele desarma o adversário ele começa a armar a sua equipe e faz isso com passes dados para alguém melhor colocado.
 

O Fortaleza tem contratado zagueiros. Não sei o que pretende fazer com todos eles.
 

Talvez terminem com a santa improvisação de Rodrigo Mancha e o escalem novamente como volante. Pior para o futebol. As bolas voltarão a passar por cima das cabeças dos volantes e meias. Como em Cuiabá.

Sérgio Redes

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