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Sebrae pode perder R$ 200 mi destinados ao turismo

2017-02-18 01:30:00
O tempo está fechado na área do turismo, com embates e discussões sobre a instalação de uma agência para a promoção do setor fora do Brasil. A medida, que poderia ser interessante para buscar visitantes estrangeiros, gerou uma verdadeira cisão na área, em função da fonte dos recursos para a sua criação.

 

O Governo Federal preparou uma Medida Provisória retirando R$ 200 milhões do orçamento do Sebrae destinados aos projetos turísticos nos estados. Esses recursos são aplicados na implantação de rotas turísticas, selos de qualidades de restaurantes e outros projetos em curso.


Ou seja: se tiraria dinheiro de ações já estruturadas, visando à melhoria das pequenas e médias empresas nos estados, para realizar festas e feiras no exterior. Outro detalhe polêmico é que esses recursos podem sair do caixa já no próximo mês, caso o presidente Michel Temer aprove a MP, interrompendo programas já existentes.


O presidente da Embratur, Vinícius Lummertz (ex-diretor técnico do Sebrae), foi o mentor da proposta de implantação da agência e fez uma consulta ao setor. Em um primeiro momento, as entidades nacionais responderam positivamente à criação da agência, mas não consultaram suas bases nos estados. Resultado: muitas dessas entidades estão revendo agora a sua posição.

 

POLÊMICA 1

 

NEGOCIAÇÃO COM MINISTÉRIOS

Na próxima terça-feira, o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, terá reunião em Brasília com os ministros da Casa Civil, Relações Exteriores e Turismo. A sua missão é a de reverter a situação. O Sebrae atua na qualificação de pequenas empresas do turismo há mais de 20 anos, o que conta bastante no relacionamento com as entidades.

 

O Sebrae Nacional mostrou que isso também será utilizado em sua defesa, devendo ser apresentada a posição da Unecs (entidade formada pela Abrasel, CNDL, Abras, CACB, Abad, Alshop e Anamaco), que defende a manutenção dos recursos para os pequenos negócios.

 

POLÊMICA 2


MODELO INEFICIENTE PARA OS PEQUENOS

Ontem, também foi disparado um alerta ao Fórum de Turismo, no qual foi levantada a possibilidade de uma manobra da Embratur, com o objetivo de favorecer destinos do Sul e Sudeste.

 

A proposta vem do Ministério do Turismo, defensor da criação de uma agência para a promoção de pequenas e médias empresas no exterior, em um modelo semelhante ao da Apex.


O diretor técnico do Sebrae-CE, Alci Porto, argumenta que a medida esvaziaria as ações nos estados. “Somos inteiramente a favor que o governo recomponha os recursos indevidamente retirados da Embratur para que a mesma exerça seu papel, mas é preciso que se abram algumas informações a todos: o Sebrae já investe fortemente na preparação das empresas e roteiros turísticos”, acrescenta.


Uma agência com o modelo da Apex (Apex do Turismo), na sua avaliação, representa uma iniciativa na contramão do momento atual. “A última Apex criada para promover as pequenas empresas no exterior nunca cumpriu o papel prometido”, argumenta.

 

POLÊMICA 3


R$ 15 MILHÕES A MENOS NO CEARÁ

Estados como o Ceará, que precisam de investimentos em qualificação, podem sentir com mais intensidade a perda de orçamento do Sebrae. Atualmente, a criação de rotas estratégicas para fomentar o turismo no Interior depende desses recursos.

 

Existem programas como as rotas de Baturité, do Geoparque do Araripe e da Ibiapaba (inclusive agora com a qualificação de mosteiros), além de planos para a implantação de rotas gastronômicas e religiosas em Fortaleza.


O corte de R$ 200 milhões no orçamento do Sebrae Nacional representa a perda de 30% dos seus recursos. No caso do Ceará, seriam R$ 15 milhões a menos e a possibilidade de interrupção dos projetos.

 

POLÊMICA 4


ABIH CONTRA O PROJETO

A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih-Nacional) foi uma das entidades que se posicionou contra a criação do projeto desde o início. O vice-presidente da entidade, Manoel Cardoso Linhares, diz que é contra qualquer corte de recursos do Sebrae. “É um absurdo o que estão fazendo. Deveriam taxar o Airbnb e tirar parte dos recursos para a promoção lá fora”, reforça.

 

O empresário destaca que a hotelaria nacional está quebrando em função da concorrência e que não se deve tirar recursos de um órgão com o orçamento em curso.

 

POLÊMICA 5


BRIGA COM O AIRBNB

O setor hoteleiro tem sentido os efeitos da baixa estação e procura negociar formas para taxar a concorrência. No caso de Fortaleza, a Prefeitura já foi procurada. Os hotéis querem que os serviços do Airbnb sejam taxados não apenas com o ISS, mas também com os outros impostos que os hotéis pagam.

POLÊMICA 6


100 MIL HÓSPEDES NO CARNAVAL

A Embratur já tinha provocado a hotelaria nacional quando fechou o patrocínio das Paralimpíadas 2016 com o Airbnb. Agora, com a proposta de criação da agência, a entidade pode ganhar o troco.

 

Para piorar a provocação, a Airbnb anuncia que deve receber 100 mil hóspedes no Brasil durante o Carnaval.


É uma pena que todas as pessoas que sabem como governar o país estejam ocupadas dirigindo táxis ou cortando cabelo”

 

George Burns (1896-1996), comediante norte-americano

 

RÁDIO

O POVO Economia da Rádio OPOVO/CBN (95.5), a partir das 14 horas, de segunda a sexta.

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