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2018: credibilidade à prova
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2018: credibilidade à prova

O ano que chega ao fim tem sido um tempo agitado também para o jornalismo. Ano de Copa do Mundo, de novos tempos na política brasileira, de desafios na segurança pública, de incertezas no meio ambiente, de tensões entre os povos. É verdade, pois, que a cada ciclo novos atos põem ao jornalismo a responsabilidade de se refazer diante do que se apresenta. Por mais que algumas coberturas sejam inevitáveis, o modo como são feitas pode ser diferente. É isso o que nos move.

 

2018 foi uma constante tentativa de o jornalismo provar que, sim, a credibilidade existe e resiste em veículos de informação e comunicação. A ansiedade pela proliferação das "notícias falsas", especialmente no período eleitoral, levou à discussão sobre como os conteúdos são produzidos em um cenário de desinformação no País. Por mais que medidas de prevenção tenham surgido, o que se viu foi um fenômeno nervoso de várias instituições a tentar entender o que fazer para mitigar os danos.

 

Iniciativas de checagem de informação, verificação em várias etapas e reforço nas fases do processo da apuração foram algumas das ações de veículos de comunicação a fim de manter o contrato que mantêm com o público. Há algumas semanas, em conversa com um leitor do O POVO, sobre uma coluna passada, ele parafraseou uma análise da pesquisadora Sílvia Lisboa: "Não basta um veículo dizer que tem credibilidade. É preciso que a audiência perceba e aceite essa credibilidade".

 

Canais

 

É exatamente isso o que os jornais fizeram ao longo do ano - tentaram provar que, mesmo com tanta informação falsa e apesar de tanto erro, os jornais ainda são um meio de comunicação confiável. E o desafio reside justamente no outro: o público precisa acreditar nisso. Conquistar essa credibilidade, como se sabe, não é uma tarefa fácil nem breve. Exige dedicação, empenho e qualidade naquilo que se publica.

 

Ao longo de todo este ano, ouvi críticas pelo telefone, li reclamações por email, recebi queixas pelo WhatsApp institucional (e pelo meu pessoal também) e atendi comentários de todo tipo dos leitores do O POVO. (Elogios também chegam.) Em muitos casos, os leitores me ajudaram a mediar situações com a Redação, sugerir outros direcionamentos e contribuir na reflexão de posicionamentos. Muitos Erramos foram publicados a partir dessas observações, pontos de vista foram revistos e análises foram refeitas.

 

E quando não há canais como esse? Os queixumes e "textões" pelas redes sociais substituem os canais institucionais que os veículos de comunicação insistem em manter? A mim, parece que não. Conselho de Leitores, ombudsman, Projeto Comprova, Credibilidade, Erramos são exemplos de vigilantes pontes no O POVO que auxiliam no fazer jornalístico e são contínuos partícipes na busca constante pela famigerada credibilidade. Mesmo com todos eles, ainda há ruídos, é verdade. Sem eles, sem um atento confronto, o norte da cobertura poderia ser levado por descaminhos, inviabilizado por um modelo de encontro com a qualidade que se espera.

 

Novos desafios nos abraçam em 2019. Ainda precisamos nos aperfeiçoar nas redes sociais, no contato com o usuário, na resposta mais ágil. Há um novo modelo de negócio mais dinâmico com esse público que está, mais do que consumir, ávido por produzir e interagir. Precisamos redescobrir como dialogar com o novo governo - precisamos nós, a imprensa, que tem sido constantemente afrontada em suas garantias constitucionais no seu agir. 

 

Governo e imprensa se veem como inimigos, por vezes receosos. Estamos do  mesmo lado se estivermos a favor da manutenção da democracia.

 

Críticos da mídia são relevantes para a melhoria da produção da informação - sejam profissionais da área, sejam leitores não técnicos. Mais do que contribuir para um veículo específico, há um impacto positivo para a instituição jornalismo, que se valoriza e se sustenta em um mercado de rápida transformação.

 

A você, leitor, que acompanhou O POVO neste 2018, que contribuiu, que criticou, que reclamou, obrigada por ter participado desse processo de melhoria.

 

Que em 2019 você possa ler muito mais boas notícias nestas páginas! Feliz novo ano!

 

Por Daniela Nogueira

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