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Eleições: um olhar sobre a cobertura
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Eleições: um olhar sobre a cobertura

Se os dados colhidos e analisados pelos institutos de pesquisa se confirmarem, estamos finalizando neste domingo a primeira fase das eleições deste ano para a Presidência da República. É o caso de repensar a cobertura por ora.  

 

Desta vez, com o receio de que as notícias falsas se alastrassem, os veículos de comunicação em geral, O POVO inclusive, se cercaram de ferramentas para ajudar a verificar as informações.

 

Faltou, no entanto, mais cobrança aos sites de redes sociais e às próprias  instituições legais responsáveis por apresentarem resultados efetivos nesse combate. É nítido que a proliferação desse tipo de informação, mentirosa, influencia no voto e na qualidade do debate neste período. Como agiram Facebook, Twitter, Instagram e todas as redes sociais de alto poder de repercussão para coibir a propagação de mentiras? Como os veículos de comunicação denunciaram, cobraram e exigiram que tais redes sociais minimizassem os riscos, analisando denúncias mais rapidamente e sendo mais ágeis nas respostas dos usuários? Não houve cobertura significativa sobre isso.

 

O Projeto Comprova, uma iniciativa da qual O POVO faz parte, que reúne diversas empresas de comunicação para checar informações duvidosas denunciadas pelos leitores, ainda não tem no O POVO um espaço cativo. Se o leitor quiser entrar em contato com o projeto, vai procurar uma matéria anterior e pesquisar, por si só, as formas de contato. Ao longo de toda a campanha, o jornal ainda não reservou um espaço em seu portal para abrigar as informações do tão celebrado projeto nem reunir todas as matérias que ajudou a checar.

 

Profundidade

 

Porque o Ceará vive uma campanha sem sobressaltos, os veículos locais reforçaram o noticiário em torno da cobertura nacional. Debates entre os candidatos foram noticiados e as pesquisas de intenção de voto, divulgadas. 

 

Em outubro, as eleições foram assunto de manchete de capa por quatro vezes durante os cinco primeiros dias do mês. Nas 30 edições de setembro, O POVO levou o tema eleições à manchete de primeira página 20 vezes, ou seja, cerca de 66,7%.

 

Ainda é necessário, no entanto, robustecer a cobertura e qualificar as discussões. Os debates entre os candidatos, por vezes, se alongam até o horário de fechamento da edição, o que deve prejudicar análises e opiniões diversas, mas o assunto não se esgota. O jornal precisa discutir o formato dos debates que são realizados, os participantes que são convidados (e rejeitados) e o conteúdo de que trata. Relatar as falas soa interessante algumas vezes, mas não parece atraente na maioria delas.

 

Reativar o Blog Política deu outra dinâmica ao assunto. Potencializou as matérias, levou mais os temas para a primeira página do portal e fez com que mais fatos fossem divulgados com mais rapidez sem a espera pelo jornal do dia seguinte, em um ambiente específico.

 

As análises esclarecedoras, tão frequentes em coberturas políticas do O POVO, têm estado mais nas páginas de Opinião e menos nas páginas de notícia, junto com as matérias. A segregação deixa uma lacuna na cobertura, que perde em profundidade. Além disso, faltou a publicação de uma agenda diária da programação dos candidatos e dos debates e entrevistas na imprensa.

 

Alguns temas também precisam ser mais bem explicados - e, antes, entendidos - pelos veículos. Primeiro, as manifestações ocorridas no fim de semana passado, lideradas principalmente pelo público feminino, necessitavam ser mais esmiuçadas. Como se reuniram milhares de pessoas em todo o País, em movimentos organizados especialmente pelas redes sociais, tomando ruas, gritando pró e contra, sim e não? Que movimentos foram esses? Que observação foi feita da realidade? Nem foto aérea houve. 

 

Durante a cobertura dos movimentos, havia registros de imagens que não davam a dimensão da quantidade do público.

 

Após esse fenômeno, dados de pesquisas para a Presidência se modificaram. 

 

O candidato líder parece ter ganhado força com os protestos. Como explicar o paradoxo? O POVO publicou apenas um artigo sobre o caso. Não se debruçou sobre o tema, não tentou explicar, não cuidou de interpretar para o público um dos momentos mais marcantes da histórica e notável situação pela qual o País passa. Mediado pela política, o jornalismo precisa ser constantemente marcado como prática social e lugar da informação pública.

 

Por Daniela Nogueira

ombudsman@opovo.com.br

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